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A penúltima do Palocci: o homem com quem o ministro diz ter fechado o contrato de aluguel é um velho conhecido da polícia

Intrigado com o caso do apartamento alugado em São Paulo por Antonio Palocci, e também com o estranho prenome do suposto proprietário, o jornalista Celso Arnaldo Araújo saiu à caça de informações sobre Gesmo Siqueira dos Santos. Acabou encontrando um velho conhecido da polícia. Vejam o prontuário resumido do homem com quem Palocci, na nota […]

Por Augusto Nunes Atualizado em 31 jul 2020, 11h45 - Publicado em 5 jun 2011, 14h49
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  • Intrigado com o caso do apartamento alugado em São Paulo por Antonio Palocci, e também com o estranho prenome do suposto proprietário, o jornalista Celso Arnaldo Araújo saiu à caça de informações sobre Gesmo Siqueira dos Santos. Acabou encontrando um velho conhecido da polícia. Vejam o prontuário resumido do homem com quem Palocci, na nota divulgada em resposta à reportagem de VEJA, confessou ter “firmado um contrato em bases regulares de mercado”.

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    POR CELSO ARNALDO ARAÚJO
    Foi só pesquisar a esmo – encontrou-se um Gesmo.

    A casa própria – o apê de 7 milhões, por baixo – já não tinha mistério: ali está investida uma pequena parcela do dinheiro do tráfico da boca de Palocci, que funcionou a todo vapor por quatro anos.

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    Mas o imóvel alugado, do mesmo padrão da casa própria, era muito, muito esquisito – mesmo para o dono de uma clínica insalubre de economia sanitária. Vinte tantos mil por mês jogados pela janela, quando se tem um imóvel vago, todo seu? A descoberta do laranja Dayvini, por VEJA, é só o primeiro pesponto da costura que pode levar a um esquema muito mais suspeito que a Projeto.

    É tentador classificar Dayvini como um novo Francenildo na vida de Palocci – o humilde capaz de abater o poderoso só por existir. A diferença, porém, é radical: Francenildo era crítico, Dayvini é cítrico. O primeiro não mercantilizou sua dignidade, embora pudesse. O segundo alugou o nome, embora não precisasse.

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    Mas se o primeiro escândalo palocciano acabou em Francenildo, o segundo, ao que parece, apenas começa em Dayvini. Porque outro nome esdrúxulo merece agora toda a atenção do mundo civilizado: Gesmo Siqueira dos Santos. Sem medo do clichê: guardem bem esse nome.

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    O Google já o guardou, para sempre, invariavelmente atrelado a malfeitos de toda ordem. Em 2006, por exemplo, os jornais noticiavam sua autuação por desobediência. Um de seus postos de gasolina, o Auto Posto Trevão – ah, esses nomes! – havia sido lacrado pela Polícia Civil e agentes da Fazenda Tributária por – adivinhem! – combustível adulterado. Mas o que é um lacre para Gesmo? Na calada da noite, encostou um caminhão no posto interdito, dele puxou uma vistosa mangueira e encheu o tanque com a gasolina bêbada e álcool inchado de água – 4 mil litros no total. Horas depois, ainda noite, descarregava o precioso líquido em outro posto de sua propriedade, o Morumbi, quando foi preso em flagrante.

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    Sim, o Dr. Gesmo Siqueira dos Santos — OAB/SP 161.145-1 – nunca foi, exatamente, um guardião da lei. Uma pesquisa perfunctória no site de busca o mostrará como réu também em inúmeros processos trabalhistas. Num deles, de 2010, na vara de São Carlos, ele a mulher Elizabete da Costa Garcia, são intimados à penhora de bem em ação movida por Cosme Rocha de Lima. Intimados, sim, porque Gesmo e Elizabete se encontravam em “lugar incerto e não sabido”.

    Esse tem sido o lugar preferido do casal, enquanto enriquecem fazendo negócios escusos e deixando um rastro de ilegalidades pelo caminho – ambos são fiéis na riqueza e na riqueza e na comunhão de processos na Justiça: 35, até agora.

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    Mas o deputado federal Antonio Palocci não teve nenhum problema em localizar o incerto e o não-sabido. Em sua própria nota de defesa para a matéria de VEJA, que vai acabar por derrubá-lo, ele escreve: “O contrato foi firmado em bases regulares de mercado entre Antonio Palocci Filho e os proprietários Gesmo Siqueira dos Santos, sua mulher, Elisabeth (sic) Costa Garcia, e a Morumbi Administradora de Imóveis.”

    Ou seja: Gesmo, confessadamente, é o dono de fato e direito do apartamento alugado que deu muita sorte a Palocci – morando ali, ele ficou podre de rico.

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    No ano passado, estreei na malha fina do IR porque um Javert da Receita descobriu – e nem eu sabia – que sou sócio com 1% de microempresa desativada, em nome de um de meus filhos, com capital de 1 real. Caí na malha, portanto, por 1 centavo.

    Gesmo permanece ativo – comprando imóveis de milhões e alugando-os a deputados federais e ex-ministros da Fazenda. Declara-os à Receita, para perguntar o mínimo?

    Palocci continua ministro – alugando imóveis milionários de plantadores de laranja e portadores de alentadas folhas corridas. A quem declara ele pagar os alugueres, para perguntar o mínimo?

    Gesmo é personagem típico da era PT. Gesmo é mais do mesmo.

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