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Augusto Nunes

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‘Só pra contrariar’, por Carlos Brickmann

Publicado na coluna de Carlos Brickmann O governo egípcio avisou que passaria a usar munição letal contra manifestantes. E os mais de 600 que morreram na manifestação anterior, que tipo de munição terá sido usado? O embaixador egípcio em Londres explicou: os manifestantes atiraram uns nos outros, para passar-se por vítimas. Palavra oficial.

Por Augusto Nunes Atualizado em 31 jul 2020, 05h35 - Publicado em 18 ago 2013, 13h49

Publicado na coluna de Carlos Brickmann

O governo egípcio avisou que passaria a usar munição letal contra manifestantes. E os mais de 600 que morreram na manifestação anterior, que tipo de munição terá sido usado? O embaixador egípcio em Londres explicou: os manifestantes atiraram uns nos outros, para passar-se por vítimas. Palavra oficial.

Há anos, os dirigentes do grupo terrorista alemão Baader-Meinhoff estavam presos, incomunicáveis, em celas individuais, cada um numa prisão diferente. Todos se suicidaram no mesmo dia, quase na mesma hora. Versão oficial.

No Brasil, Vladimir Herzog se enforcou com seu cinto pouco depois de ser preso. Só que ninguém ia para a cela com o cinto, obrigatoriamente retirado de cada um dos prisioneiros; e ele se enforcou praticamente ajoelhado no chão, já que não havia como pendurar-se. Impossível não é; mas é muito difícil, já que a pessoa desmaia quando o pescoço é apertado e fica sem forças para completar o auto-enforcamento. Mas esta foi a versão oficial.

Também aqui, o deputado Rubens Paiva, 1m90, mais de cem quilos, estava prensado no banco de trás de um Fusca, algemado,entre dois policiais armados. Dominou os dois, empurrou os policiais armados que estavam nos bancos da frente, com as mãos algemadas abriu a porta do Fusca e fugiu. Versão oficial.

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E os guerrilheiros do Araguaia, que se sepultaram em lugares onde seus corpos jamais puderam ser encontrados, apesar de tantas exaustivas buscas oficiais?

Esses subversivos, lá e cá, fazem o que podem para constranger os governos.

Finesse oblige
O governador socialista do Ceará, Cid Gomes (firme aliado do Partido dos Trabalhadores e dilmista desde criancinha), acaba de contratar um bufê para prestar serviços ao Palácio e à residência oficial. Preço: R$ 3,4 milhões, por um ano. Os 700 garçons, 500 garçonetes e 15 chefs de cuisine oferecem um cardápio com 495 itens, como bombinhas de escargot, crepe de lagosta, pães exóticos, vieiras, paellas, frigideiras de camarão com arroz selvagem, bombinhas de salmão com caviar, arroz de champagne, bolinhos de bacalhau com sementes de papoula e molho de vinho tinto, camarão ao Sol Nascente, seja lá isso o que for. 

Bom gosto
O bufê Anira, contratado pelo Governo cearense, deve ser bom. Cid Gomes tem gostos refinados: por exemplo, contratou o tenor Plácido Domingo, estrela internacional, para um espetáculo; e Ivete Sangalo para o show de inauguração de um hospital, cuja marquise, aliás, caiu antes da inauguração. Bandas e shows custaram ao Tesouro cearense, nos dois mandatos de Cid, R$ 81 milhões. Mais R$ 67 milhões foram gastos com aluguel de jatinhos ─ num deles, recorde-se, Cid Gomes levou a família inteira para a Disney. E, mostrando sua devoção pela esposa, levou junto também a sogra. 

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Como perguntaria o imortal personagem Justo Veríssimo, e o povo? O povo, ora, participa da festa. Pagando a conta.

Meritíssimos!
Este colunista não opina sobre votos no Supremo: ao contrário de tantos jornalistas que não conhecem a diferença entre mandado e mandato e escrevem fluviais tratados analisando o processo do mensalão, sabe o suficiente para saber-se ignorante. Mas é deprimente ver adultos togados, oficialmente donos de notável saber jurídico e ilibada reputação, brigando aos berros como crianças malcriadas. 

Aprenderam tanto Direito que não sobrou tempo para aprender a ter modos?

Dúvida cruel 1
O ministro Barroso diz que o Mensalão não é o maior escândalo da História do país. Se ele o diz, deve ser verdade. Este colunista, que nem sabia que houvesse ranking de escândalos, está curioso: ministro, qual então é o maior?

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Dúvida cruel 2
O ministro da Aviação Civil, Moreira Franco, está tentando salvar as empresas aéreas brasileiras, que vêm tendo prejuízos bilionários. Reuniu-se com os presidentes da TAM, Gol, Azul e Avianca, que pediram a redução dos impostos sobre combustível de aviação para que possam enfrentar seus problemas. Só que o Governo está estimulando a Azul a comprar a portuguesa TAP. 

Se a empresa tem prejuízo, por que comprar outra cujo prejuízo é tamanho que teve de ser posta à venda? Tudo bem, o BNDES financia. Mas como pagar o financiamento?

Dúvida cruel 3
A empresa de seguro-saúde Unimed Rio, que patrocina o Fluminense, bancou no início deste mês a contratação do técnico Vanderlei Luxemburgo por R$ 710 mil mensais (fora os demais integrantes da Comissão Técnica, o que eleva a conta a aproximadamente R$ 1 milhão por mês). A Unimed Rio, ao mesmo tempo, está demitindo, para cortar os custos. Já houve 25 demissões; sabe-se que outras virão em breve.

Afinal de contas, a empresa precisa ou não cortar seus custos?

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Inquietação
A abertura dos papeis da Angra Partners, do empresário Alberto Guth, autorizada pelo Supremo, está tirando o sono de gente importante. Em antigas reportagens sobre Guth, a então senadora Ideli Salvati, por exemplo, era sempre citada. 

Os papeis da Angra trazem amplo material sobre a guerra da telefonia móvel.

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