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‘Promotor de Nova York fez o que devia ter feito’, um artigo de Joe Nocera

ARTIGO PUBLICADO NO ESTADÃO DESTA QUARTA-FEIRA Joe Nocera, do New York Times Uma jovem imigrante, sem privilégios e sem dinheiro, alega que foi estuprada no trabalho. O homem que ela acusa de tê-la estuprado ─ rico, famoso e poderoso ─ está em um avião prestes a decolar para regressar ao seu país. O país é […]

Por Augusto Nunes Atualizado em 31 jul 2020, 11h24 - Publicado em 8 jul 2011, 14h24
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  • ARTIGO PUBLICADO NO ESTADÃO DESTA QUARTA-FEIRA

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    Joe Nocera, do New York Times

    Uma jovem imigrante, sem privilégios e sem dinheiro, alega que foi estuprada no trabalho. O homem que ela acusa de tê-la estuprado ─ rico, famoso e poderoso ─ está em um avião prestes a decolar para regressar ao seu país. O país é o mesmo que, durante décadas, impediu que Roman Polanski fosse processado pelo estupro de uma menor nos EUA. Imediatamente, os detetives o atraem para fora do avião e o prendem.

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    Agora que ele não pode fugir, os promotores dirigem sua atenção para a vítima. Começam a investigar seu passado, pois o caso se baseia em sua credibilidade. Em apenas seis semanas, montam um relatório devastador sobre o seu passado, repleto de estranhas incoerências, mentiras deslavadas e a possibilidade de ela esperar lucrar com o suposto estupro.

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    Os promotores não perdem tempo informando desses fatos os advogados do homem. E, em pleno tribunal, contam ao juiz o que descobriram, e ele revoga a prisão. Embora o caso ainda não tenha sido suspenso, quase seguramente será.

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    Nos dias que se passaram desde a espantosa reviravolta do caso, muitos franceses levantaram-se contra a injustiça do procedimento: “Vimos Dominique Strauss-Kahn humilhado, algemado, arrastado para a sarjeta”, afirmou o escritor Bernard-Henri Levy ─ tudo isso porque Cyrus Vance, o procurador-geral do Distrito de Manhattan, preferiu acreditar “numa camareira de hotel”.

    Ao mesmo tempo, nos EUA, o colapso do caso provoca um tiroteio entre ex-promotores e advogados especializados em defender crimes de colarinho branco, que criticaram Vance, em particular, por indiciar Strauss-Kahn antes de conhecer melhor a história da vítima.

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    Juro que não entendo o que Vance fez de errado. Ao contrário. O suposto estupro da mulher foi gritado aos quatro ventos, com o respaldo de provas. A rápida decisão de indiciar fez muito sentido, tanto em termos legais quanto práticos. Depois, enquanto a credibilidade da vítima desmoronava, Vance não tentou fingir que ainda tinha um ás na manga, como inúmeros promotores teriam feito.

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    Levy, outro membro da elite francesa, parece particularmente enraivecido pelo fato de Vance não ter feito automaticamente uma exceção com Strauss-Kahn, considerando sua extraordinária posição social. Mas é exatamente por isso que Vance deve ser aplaudido. Uma mulher sem nenhum poder fez uma acusação convincente contra um homem dotado de enorme poder.

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    Quanto à humilhação de Strauss-Kahn, algo realmente feio aconteceu naquele quarto de hotel. Se a pior coisa que ele sofreu foi a exposição pública, alguns dias em Rikers Island e umas manchetes asquerosas, não precisamos nos penitenciar por isso. Ah, sim, ele foi obrigado a renunciar à direção de uma instituição em que o assédio sexual era, ao que se afirma, desenfreado. Não é horrível? A questão é: Os EUA são um país que professa a igualdade de tratamento de todos diante da lei. Muitas vezes, não é bem isso o que acontece. A julgar por seus recentes escritos, Levy prefere viver em um país onde as elites raramente são chamadas a encarar as suas responsabilidades, onde os crimes contra as mulheres costumam ser perdoados com uma piscadela e onde as pessoas sem dinheiro ou posição social são tratadas como nulidades, de acordo com o que a classe dos franceses endinheirados julga que elas são.

    Subscrevo sem ressalvas o que escreveu Joe Nocera. (AN)

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