Um brinde aos vinhos ao estilo glou-glou, mais leves e com menos álcool
Tendência vem ganhando cada vez mais espaço nas adegas no mundo

Tão feio e repudiável quanto cortar um espaguete na Itália era o ato de pedir um balde de gelo para resfriar o vinho tinto — isso aqui no Brasil. Mas, pasmem: vinho tintos resfriados, ou quase gelados, são uma grande tendência mundial. “Hoje, tenho tantos tintos leves quanto tenho rosés na minha geladeira”, diz Lily Peachin, proprietária de duas grandes lojas no Brooklyn, em Nova York.
A temperatura correta, entre 15° e 16°, normalmente registrada nas adegas, é a ideal para a maioria dos tintos, e, acreditem, faz toda diferença no momento da degustação: permitem que você sinta todos os aromas e o paladar da maneira adequada.
No entanto, há cada vez mais uma busca por vinhos da categoria que os franceses, principalmente da região do Loire, chamam de “glou-glou”. Eles são mais leves, têm menor percentual alcoólico, menos tanino e muito frescor. “Aqueles em que uma garrafa é pouco, dá pra matar a sede com eles”, diz Andrew Crawford, australiano, dono de uma importadora que já tem uma seção de vinhos com esse nome.
Peachin ressalta que os “glou-glou” não estão restritos ao Loire. “Da Califórnia a Austrália, do Chile a Áustria, há vinícolas com seus representantes da categoria”, lembra. Importante: não pense que esse estilo está unicamente ligado à uva Pinot Noir, famosa por vinhos mais leve e delicados. Eu mesma, recentemente, conheci um exemplar da uva Mencia, da região do Bierzo, na Espanha. O vinho chamado En el caminho, da Michelini i Mufatto, me foi apresentado pela premiada sommelière Daniela Bravin e foi ela quem sugeriu que ele ficasse num balde de gelo enquanto degustávamos. Foi especial.
Em um país quente como nosso, esse tipo de vinho menos encorpado faz todo sentido em muitas ocasiões, por isso parece pertinente que ganhe mais espaço.
Agora, sobre cortar espaguete, acho prudente manter a recomendação de não o fazer diante dos ítalos-amici.