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AL VINO

Por Marianne Piemonte Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
As novidades, tendências e delícias do mundo do vinho sem um gole de “enochatismo”. Marianne Piemonte é jornalista, sommelière e empresária do mercado de vinhos.

Por que um grande produtor de vinhos nacionais vai abandonar os tintos

Empresa que fabrica 2,5 milhões de litros por ano no sul do país vai concentrar a produção em espumantes

Por Marianne Piemonte
Atualizado em 10 out 2025, 11h25 - Publicado em 10 out 2025, 10h29

“O melhor vinho é aquele que o terroir pode te dar.” Essa máxima é reproduzida como mantra por alguns dos melhores e mais conceituados enólogos do mundo. Ela significa que não adianta querer produzir vinhos tintos potentes em Champanhe, noroeste da França, onde o clima permite que as uvas amadureçam lentamente conservando um equilíbrio entre o açúcar e acidez, o que é perfeito para produzir espumantes. Tampouco ouve-se falar de espumantes famosos da Puglia, sul Itália, onde o sol tórrido permite o cultivo de uvas que suportam calor e geram tintos potentes. Obedecendo essa lógica, temos visto a movimentação de grandes produtores na busca das melhores regiões para diferentes tipos de vinhos. Recentemente, contei aqui na coluna que a elegante Vega Sicilia, da Ribeira del Duero (Espanha), tradicional por seus tintos que envelhecem por décadas, foi buscar em Rías Altas, na Galícia, perto da fronteira com Portugal, o lugar ideal para produzir brancos de alta gama.

O sul do Brasil, especificamente a Serra Gaúcha, recebeu a nossa primeira D.O. de espumantes, na região de Pinto Bandeira, em outubro de 2022. As melhores borbulhas do país hoje vêm dali, confirmando a vocação daquele terroir. Atento a esses movimentos, Eduardo Valduga, membro da sexta geração à frente da Casa Valduga, que este ano comemora os 150 anos da chegada da família ao Brasil, e que há 52 existe com vinícola, acaba de anunciar que irá dedicar-se basicamente aos espumantes. “Este é um caminho natural, quando se observa a linha do tempo da história da vinícola. Claro que fiz um movimento para mostrar isso para família, mas acredito que é uma evolução”, disse ele à coluna. “Desde a viniviticultura de subsistência, o fornecimento de uvas para as cooperativas, os vinhos de garrafão, até o início da produção de vinhos finos, chegando à excelência dos espumantes, acredito que a trajetória mostra um caminho natural e coerente”, entende. Para ele, o sucesso da linha 130, o espumante Blanc de Blanc (feito apenas com uvas brancas) que comemorou os 130 anos da chegada da família ao Brasil, foi determinante. “Os tintos não deixarão de existir, mas serão produzidos apenas em anos de safras excepcionais”, completa Eduardo, que recebeu da mais recente edição do Guia Descorchados a deferência de “Enólogo do Ano do Brasil”.

A conversão de 90% dos vinhedos em Chardonnay e Pinot Noir, principais cepas usadas na produção de espumantes, já começou. Apenas 10% dos vinhedos estarão dedicados a Merlot, Cabernet Franc, Cabernet Sauvignon, entre outras tintas. Todo processo deve ser finalizado ao longo de 10 anos. Para produzir tintos com a elegância e fluidez de paladares mais exigentes, Eduardo está de olho em outros horizontes. “A dupla poda trouxe novas possibilidades e é um cenário que nos interessa participar. Estamos estudando onde plantar no Sul de Minas ou em São Paulo”, conta ele, referindo-se à técnica que inverte o ciclo natural da videira, o que vem permitindo a produção de vinhos de alta qualidade em novas regiões do Brasil.

A busca por novos terroirs também cruza algumas fronteiras. No Chile, a Casa Valduga já cravou sua bandeira no Colchagua, 50 km ao sul de Santiago, e já existem estudos em Portugal, com visitas feitas ao Douro e Alentejo. Para consolidar essa nova fase, já está previsto o lançamento do primeiro espumante no Brasil que passa por uma terceira fermentação. A apresentação deve ocorrer na Prowine 2026, o maior evento de vinhos das Américas.

Como funciona essa técnica? A primeira fermentação transforma mosto (suco de uva) em vinho, a segunda o vinho em espumante e a terceira é a junção de diferentes safras engarrafadas que passarão por uma última fermentação (a terceira, portanto). O lote já se encontra em produção na Valduga, com a bebida engarrafada e fermentando. ” A safra mais antiga é de 2005, será uma experiência sensorial voltada ao tempo. Um champenoise para degustar com calma, como provar um Porto de 50 anos, é isso que estimo entregar, mas sem perder o frescor”, avisa Eduardo.

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O firme movimento da Valduga pela especialização baseada no terroir chama realmente atenção. Em breve, a maior cave das Américas, que produz 2,5 milhões de litros por ano, será quase toda tomada por espumantes, incluindo esse novo e inédito produto gestado após três fermentações.

É mais um motivo para dar um viva às borbulhas nacionais, cada vez mais valorizadas!

 

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