O vinho gaúcho que encontrou seu par perfeito na mesa amazônica da COP30
Rótulo brasileiro será servido nas refeições de convidados do Reino Unido e de outros países
Com qual vinho se harmoniza uma terrine de queijo do Marajó regada ao mel da Amazônia Atlântica, polvilhada com castanha do Pará, ou um ragu de pato com caramelo de tucupi servido com nhoque de macaxeira? A pergunta rondou a cabeça da sommelière e cozinheira Ana Luna há cerca de uma década, em Belém. Na época, o Pará ainda bebia olhando para fora. A mesa repetia massas italianas, queijos franceses e o velho hábito de copiar o repertório europeu. Segundo Ana, isso começou a mudar quando o país passou a entregar rótulos capazes de conversar com ingredientes locais sem pedir licença.
Na COP30, em Belém, Ana será a responsável por parte dos eventos paralelos à agenda oficial. No dia 15, recebe delegações da Indonésia e do Reino Unido. A possível presença de um príncipe circula como assunto de bastidor, sob sigilo. Para essas mesas, ela escolheu o Chenin Blanc Inaiá, produzido em Farroupilha pela La Grande Bellezza, vinícola boutique de Pinto Bandeira. O rótulo é leve, fresco e exibe apenas 10,9% de álcool. A intenção de Ana é clara: mostrar que a gastronomia amazônica alcançou afinidade real com o vinho brasileiro.
Da cozinha da Casa da Luna, instalada em um casarão de 200 anos no centro histórico de Belém, Ana também toca o projeto Cozinha de Mercado. O roteiro começa no Ver-o-Peso, onde apresenta aos visitantes os ingredientes amazônicos in natura. Depois todos seguem para o restaurante, cozinham juntos e entendem como cada sabor se comporta no prato.
A ponte entre Pará e Rio Grande do Sul, que levou o Inaiá ao Norte, nasceu dessa inquietação. Ana apresentou o Chenin ao chef Saulo Jennings, embaixador da culinária brasileira na ONU e responsável pelos almoços e jantares oficiais da COP30. Segundo ela, o vinho deve aparecer em encontros de alto escalão, com presidentes. O menu, no entanto, segue guardado por razões de segurança.
A versão tinta do Inaiá, feita com Merlot de Pinto Bandeira, também foi encomendada. Ana aposta, porém, que o destaque será o branco, especialmente para os britânicos (ele sai por 130 reais no restaurante). O paladar deles é historicamente próximo de vinhos brancos e o estilo do Inaiá encaixa com o clima e com a cozinha amazônica. Para dar conta da demanda, a proprietária da vinícola, Cristiana Petriz, acelerou o processo de produção. O objetivo foi extrair o melhor da uva sem artifícios, fiel ao que ela chama de “excelência do portfólio”.
O resultado é um encontro raro. Um vinho gaúcho que atravessa o país para encontrar, na mesa amazônica, um lar inesperado e totalmente coerente.
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