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A Origem dos Bytes Por Filipe Vilicic Crônicas do mundo tecnológico e ultraconectado de hoje. Por Filipe Vilicic, autor de 'O Clube dos Youtubers' e de 'O Clique de 1 Bilhão de Dólares'.
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Youtuber Henrytado, gay assumido, fala de nova campanha LGBT do YouTube

No último dia 21, o YouTube lançou uma campanha mundial em favor da causa LGBT: o #OrgulhoDeSer (Proud to be, na versão em inglês). Um dia antes, também promoveu em sua filial em São Paulo um encontro de youtubers gays que ganharam fama jogando videogame. O designer mineiro Henry Nogueira, de 24 anos, do canal […]

Por Filipe Vilicic Atualizado em 30 jul 2020, 22h20 - Publicado em 7 jul 2016, 09h00
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  • No último dia 21, o YouTube lançou uma campanha mundial em favor da causa LGBT: o #OrgulhoDeSer (Proud to be, na versão em inglês). Um dia antes, também promoveu em sua filial em São Paulo um encontro de youtubers gays que ganharam fama jogando videogame. O designer mineiro Henry Nogueira, de 24 anos, do canal Henrytado (quase 300 mil inscritos), foi um dos rostos escolhidos para participar da campanha do YouTube. Também gamer (com participação em campeonatos profissionais de League of Legends; colega de Kami, já mencionado neste blog, como neste post), ele também esteve na reunião dos jogadores no escritório paulistano do Google, dono do YouTube.

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    Henry começou a publicar vídeos online mostrando partidas de League of Legends. Entretanto, logo migrou para o formato de vlog (os blogs em formatos de vídeo). Em suas filmagens (como nesta), fala “da vida”. Dentre outros pontos, sobre a rotina de uma celebridade da web que resolveu abraçar a causa LGBT. Confira a entrevista com Henry:

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    Henrytado

    O youtuber Henry Nogueira: gay assumido (e fala sobre isso em seu canal no site)

    Sente-se muito exposto sendo gay e youtuber? Sempre tive receio de falar sobre minha sexualidade, com minha família, no colégio. Tinha medo da repressão. Por um período, cheguei a ter apreensão de aparecer demais por ser gay, ter voz de gay. Os jogos online, como o League of Legends (LOL), eram minha válvula de escape. Logo me tornei um dos melhores praticantes brasileiros de LOL e comecei a gravar partidas ao vivo. Daí, em junho de 2014, resolvi migrar para o YouTube. Porém, em uma transição. Em vez de focar em games, decidi falar da vida. Minha ideia é realmente contribuir para que se diminua o preconceito das pessoas. Escolhi encarar essa, mesmo os haters (apelido dado a pessoas que espalham ódio na internet, em especial por meio de cyber bullying), pois sei da importância da causa.

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    Como reage aos haters? Eu sou gay. Logo, me chamar de gay não é uma ofensa. Essa é a forma que tento encarar os ataques mais rasos. Olha, estaria mentindo se dissesse que não sinto raiva de alguns dos comentários que surgem em meus vídeos. Há muito preconceito. Só que tento encarar tudo com humor. Às vezes respondo aos haters com uma piada, noutras com desprezo. Por exemplo, é muito comum comentarem com louvações a Bolsonaro (Jair Bolsonaro, deputado federal e pré-candidato às eleições presidenciais de 2018; conhecido pela posição anti-movimentos LGBT e contra a união gay), dando graças ao fato de que ele pode presidir o país. Para esses, por exemplo, me posiciono assim: “olha, que bom que eu já estava planejando sair do Brasil; 2018 pode ser uma boa data”. Criei até um roteiro que uso de referência para responder a comentários homofóbicos.

    Você mencionou que tenta responder com certo humor. Mas é possível manter esse estado de espírito mesmo quando te ofendem de forma cruel, como, por exemplo, a um comentário de um espectador que diz que sua mãe teria vergonha de suas opiniões? Minha mãe já retrucou discursos desse tipo, ela mesma interferindo na rede social, citando o quanto tem orgulho de mim. Olha, encaro a situação como uma dualidade. De um lado, tento mostrar, com calma, que o preconceito é errado. Porém, também não dou liberdade para as pessoas serem permissivas. Pois, se não levanto o debate, com o meu ponto de vista, isso pode dar às pessoas a impressão de que se continuarem a espalhar o discurso do ódio não terão oposição. Agora, é bom destacar que eu entendo que quem odeia muitas vezes cresceu em um ambiente preconceituoso, difícil de se desvencilhar. Por isso, preciso também ser didático, exibindo que é importante respeitar o próximo. Eu mesmo, quando comecei no YouTube, errei por fazer algumas piadas que podiam ser vistas como ofensivas por mulheres. Como em uma na qual me referi ao órgão genital delas. Só depois, por um comentário feito por uma mulher, notei que o que falei podia ser visto como machista. Depois desse caso, nunca mais fiz piadas do tipo. O que quero provar com isso? De que muitas vezes o preconceito está enraizado e não é tão fácil notá-lo e combatê-lo, até porque para isso temos de compreender pelo o que passa o outro. Entendo esse lado, também, quando vou responder a homofóbicos.

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    Parece que ser youtuber, comprando as brigas que têm comprado, rende muito stress. Qual é o lado positivo? Ter tua cara estampada lá no YouTube, para centenas de milhares de pessoas assistirem ao que você fala, representa uma exposição enorme. Estou lá e sou julgado por isso. Agora, o que falo ajuda pessoas, também. Não quero que outros gays passem pelas mesmas dificuldades que tive de encarar em minha vida. Para isso, compartilho minhas experiências, para que sirva de inspiração a eles. A relevância dessa atitude supera qualquer hater. Por isso que larguei um mestrado para me dedicar a postar vídeos no YouTube. Recebo muitas, muitas, mensagens de homossexuais que dizem se motivar com o que falo, que relatam se sentir mais à vontade com sua orientação sexual por minha causa. Isso me faz continuar.

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    Por que, a seu ver, por meio de iniciativas como a #OrgulhoDeSer, o YouTube se posiciona a favor de discursos como o teu? O Google, o YouTube, sabe da existência de haters e de como eles podem acabar com a vida de um youtuber. Tem gente que pensa em se matar só por ser gay, quando as pessoas descobrem sua orientação sexual. O site é uma plataforma democrática, de multiplicidade de opiniões. Só que ele também não pode alimentar o ódio, o preconceito. Por isso, o YouTube precisa ter empatia com quem dá a cara a bater lá, em favor de causas como a LGBT. Acredito que é dever do site, sim, defender nós, os produtores do conteúdo que faz o YouTube ser o que é.

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    Henry Elza

    Henrytado fantasiado de princesa Elsa, do desenho Frozen

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