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Tijolos da Mesopotâmia revelam anomalia magnética na Terra há 3000 anos

Inscritos com os nomes dos reis da Mesopotâmia, os itens raros ajudaram a criar uma base de datação usando o arqueomagnetismo

Por Marília Monitchele Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 18 dez 2023, 17h00 - Publicado em 18 dez 2023, 17h00
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  • Em uma descoberta que combina arqueologia, ciência e mistérios antigos, pesquisadores da University College London (UCL) desvendaram segredos enterrados há milênios nos tijolos inscritos dos reis da Mesopotâmia. A jornada, detalhada em um estudo recente, revela uma anomalia no campo magnético da Terra há cerca de 3.000 anos.

    Os 32 tijolos de argila, marcados com os nomes dos reis que governaram a antiga Mesopotâmia (atual Iraque), tornaram-se uma espécie de cápsula do tempo magnética que ajuda a datar objetos históricos. A equipe de cientistas avaliou a composição do material, onde grãos de óxido de ferro imprimiram as mudanças magnéticas da Terra. “Muitas vezes dependemos de métodos de datação, como o radiocarbono, para ter uma noção da cronologia na antiga Mesopotâmia. No entanto, alguns dos vestígios culturais mais comuns, como tijolos e cerâmicas, normalmente não podem ser facilmente datados porque não contêm material orgânico”, diz Mark Altaweel, Professor do Instituto de Arqueologia da UCL e coautor do estudo, em nota. “Este trabalho ajuda a criar uma importante base de datação que permite que outros se beneficiem da datação absoluta usando o arqueomagnetismo”.

    A técnica busca assinaturas magnéticas em artefatos arqueológicos, proporcionando não apenas insights sobre o campo magnético antigo, mas também melhorando a precisão na datação de artefatos que anteriormente desafiavam métodos convencionais.

    O fascínio se estende à época em que esses tijolos foram fabricados, cada um inscrito com o nome do rei que governava a região no período do registro. A combinação entre essa informação e a assinatura magnética latente nos grãos de óxido de ferro forneceu um mapa histórico das mudanças na força do campo magnético da Terra e uma datação precisa dos reinados registrados nos tijolos.

    A pesquisa confirmou a existência da “Anomalia geomagnética da Idade do Ferro do Levante”, um período em que o campo magnético da Terra se fortaleceu de maneira incomum entre 1050 e 550 a.C. em torno do Iraque moderno. Curiosamente, evidências dessa anomalia foram detectadas em locais tão distantes quanto China, Bulgária e Açores, mas os dados provenientes da parte sul do Médio Oriente eram escassos.

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    O Professor Matthew Howland, autor principal da pesquisa, ressalta a importância da técnica. “Ao comparar artefatos antigos com o que sabemos sobre as condições antigas do campo magnético, podemos estimar as datas de quaisquer artefatos que foram aquecidos nos tempos antigos”, diz. 

    Em suma, a análise dos grãos de óxido de ferro ofereceu aos arqueólogos uma nova ferramenta para datar objetos antigos. A força magnética desses grãos, comparada às forças conhecidas do campo magnético histórico da Terra, proporciona uma resolução temporal superior à datação por radiocarbono, que apenas indica a data de um artefato com uma precisão de algumas centenas de anos.

    Nesse caso específico, a datação arqueomagnética dos artefatos ajudou os historiadores a identificar com mais precisão os reinados de alguns dos antigos reis que foram um tanto ambíguos. Embora a duração e a ordem dos seus governos sejam bem conhecidas, tem havido divergências sobre os anos precisos em que assumiram o trono, resultantes de registos históricos incompletos. 

    “O campo geomagnético é um dos fenômenos mais enigmáticos nas ciências da terra. Os vestígios arqueológicos bem datados das ricas culturas mesopotâmicas, especialmente tijolos inscritos com nomes de reis específicos, proporcionam uma oportunidade sem precedentes para estudar mudanças na intensidade do campo em alta resolução temporal, rastreando mudanças que ocorreram ao longo de várias décadas ou até menos.”, diz Lisa Tauxe, do Instituto de Oceanografia da Universidade de San Diego, uma das coautoras do estudo.

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