A paciência acabou. A Roscosmos, agência espacial russa, anunciou nesta terça-feira a suspensão do lançamento dos foguetes de carga Proton. Os lançamentos da cápsula Soyuz, responsáveis por levar tripulantes à Estação Espacial Internacional, permanecem inalterados. A medida vem na esteira de uma série de trapalhadas que custaram milhares de dólares aos cofres públicos da Rússia. O tropeço mais recente ocorreu no dia 18, com a perda do satélite de telecomunicações Express-AM4.
Trapalhada russa
Como a Roscosmos perdeu a paciência
Três satélites russos do sistema GLONASS, concorrente russo do americano GPS, caíram no pacífico em um lançamento fracassado. Dirigentes da agência disseram que os satélites sofreram uma situação não planejada.
Insatisfeito com o rendimento da agência, o presidente da Rússia, Dmitri Medvedev, demitiu o vice-diretor da Roscosmos, Viktor Remishevsky, e Vyacheslav Filino, vice de engenharia da Energia, empresa que constrói os equipamentos espaciais russos. O puxão de orelha não foi suficiente para segurar o presidente da Roscosmos, Anatoly Perminov, substituído em abril de 2011 por Vladmir Popovkin.
O satélite de comunicação Express-AM4, que seria responsável por serviços de internet e televisão digital para a Rússia e mais 11 países da Comunidade dos Estados Independentes entrou na órbita errada. Os engenheiros russos perderam contato com a sonda e não conseguiram reaver o controle desde então.
De acordo com a Roscosmos, a suspensão permanecerá em vigor até que sejam esclarecidas as causas do fracasso da operação do satélite Express-AM4. “Os especialistas continuam tentando estabelecer comunicação com o aparelho”, acrescentou a agência espacial russa. Moscou não considera o satélite perdido.
O Express-AM4 – fruto da colaboração entre a companhia europeia Astrium e o Centro Khrunichev de produção aeroespacial da Rússia – foi lançado com sucesso no último dia 18, mas acabou entrando na órbita errada e os russos perderam o controle da sonda.
Com massa de 5.775 quilos e 57 transmissores, o satélite deveria assegurar a cobertura de telecomunicações do território russo e da Comunidade dos Estados Independentes, que agrupa 11 antigas repúblicas soviéticas.
A Roscosmos também suspendeu o lançamento dos blocos aceleradores Briz-M. Trata-se da última etapa de um foguete de carga – em geral, a quarta -, responsável por levar satélites da chamada órbita de apoio até sua localização prevista e por impulsionar aparelhos espaciais para fora do campo gravitacional da Terra.
(Com Agência France-Presse)
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