Um rostinho angelical, a popular ‘cara de bebê’, pode ser uma poderosa arma para ganhar a simpatia de oponentes, segundo um estudo da Universidade Hebraica de Jerusalém. A face angelical, no caso, significa um rosto com características infantis: olhos grandes, queixo redondo e lábios finos. Políticos com esse tipo de aparência têm mais chance de conquistar a simpatia e a confiança de pessoas que, em princípio, não concordam com seu discurso.
CONHEÇA A PESQUISA
Título original: The Face of the Enemy: The Effect of Press-reported Visual Information Regarding the Facial Features of Opponent-politicians on Support for Peace
Quem fez: Dr. Ifat Maoz
Instituição: Hebrew University of Jerusalem
Dados de amostragem: voluntários israelenses
Resultado: Políticos com aparência angelical têm mais chance de conquistar a simpatia e a confiança de um público que, em princípio, não concorda com o discurso apresentado.
A pesquisa foi feita tendo o conflito entre Israel e Palestina como pano de fundo. Pesquisadores do Departamento de Comunicação e Jornalismo da Universidade Hebraica de Jerusalém mostraram a voluntários israelenses uma notícia fictícia sobre um acordo de paz entre os dois países proposto por um líder palestino, também fictício.
A fotografia do líder palestino fictício aparecia impressa na notícia dada aos israelenses. Havia, porém, duas versões da imagem, que tinha uma origem única, mas foi modificada em um programa de computador para ter ou não características infantis. A diferença entre as duas fotos, segundo os pesquisadores, era de 15% no tamanho dos olhos e lábios.
Os voluntários, instados a avaliar a proposta de paz do palestino, acharam as palavras do líder com rosto angelical muito mais confiáveis. “As pessoas associaram o rosto infantilizado com sentimentos de honestidade, abertura e compreensão. E uma vez que você confia no seu adversário, você tem muito mais chance de aceitar um acordo”, explicou o professor Ifat Maoz, coordenador do estudo.
Há situações, porém, onde o rosto de bebê pode não ser vantajoso. “Essas características podem emprestar aos políticos uma aura de abertura, sinceridade e receptividade. Mas podem, ao mesmo tempo, comunicar falta de assertividade. Então as pessoas tendem a preferir políticos com traços infantis desde que representem o lado oposto. Em seu próprio lado, elas preferem representantes que pareçam saber como defender seu território”, conclui Maoz.