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Ratos com duas mães nascem em laboratório

Experimento inédito mostra que as barreiras biológicas na reprodução de indivíduos do mesmo sexo podem ser tecnicamente superadas

Por André Lopes Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 16 out 2018, 11h40 - Publicado em 15 out 2018, 18h03
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  • Cientistas chineses criaram camundongos bebês saudáveis ​​com duas mães e nenhum pai. O estudo inédito de edição de genética, divulgado na segunda-feira (15) pela revista cientifica Cell Stem Cell, pode colocar na gaveta o conceito de que, em algumas espécies, são necessários genes masculinos e femininos para gerar um novo ser vivo.

    Ratos com dois pais também nasceram, mas sobreviveram por apenas 48 horas. Segundo a equipe de pesquisadores, não existe a pretensão de que o experimento seja estendido a seres humanos, mas as descobertas demonstram que, a partir de agora, somente as preocupações éticas podem limitar a utilização do método na reprodução in vitro.

    Em outras tentativas, os cientistas conseguiram produzir camundongos com pais e mães do mesmo sexo, mas os filhotes apresentavam anomalias severas e os métodos usados eram complexos, às vezes envolvendo várias gerações de ratos.

    O problema superado na recente descoberta foi o “imprint genômico”. Normalmente, as células somáticas, as que não são reprodutivas, possuem partes dos genes do pai e da mãe, os chamados alelos. O “imprint genômico” é quando certos genes são expressos apenas por um alelo, suprimindo o outro.

    Para alcançar o feito com filhotes saudáveis, os cientistas da Academia de Ciências da China começaram com células-tronco embrionárias de um rato fêmea, ou seja, com apenas metade das informações genéticas, assim como em espermatozoides e óvulos. Usando a ferramenta de edição de genes CRISPR, que funciona como se fosse uma tesoura de DNA, conseguiram remover o imprint que demandava a contribuição genética vinda de um macho. Foi necessário retirar 3 regiões do DNA em que havia esses registros. Isso fez com que o material genético da célula ficasse parecido com gametas masculinos.

    Quando as células-tronco modificadas foram injetadas em um óvulo não fertilizado de um segundo camundongo fêmea, a combinação aconteceu e formou um embrião. Assim foi possível produzir 29 ratos vivos de 210 embriões fecundados. Todos nasceram normais, viveram até a idade adulta e conseguiram se reproduzir gerando seus próprios filhotes.

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