O parasita Toxoplasma gondii, causador da toxoplasmose, foi encontrado pela primeira vez em baleias-brancas no Ártico. Responsáveis pela descoberta, pesquisadores da Universidade da Colúmbia Britânica, no Canadá, fazem um alerta para o fato de que as populações locais consomem a carne do animal crua. Os resultados foram apresentados na semana passada, durante a conferência anual da Associação Americana para o Avanço da Ciência (AAAS, na sigla em inglês). A toxoplasmose é a principal causa de cegueira ligada a infecção em humanos, e pode ser fatal para pessoas com problemas no sistema imunológico e para os fetos.
Segundo os pesquisadores, o degelo que ocorre no Ártico tem permitido um movimento jamais percebido de patógenos entre a região e latitudes mais baixas. “Estamos vendo a liberação de patógenos, que ganham acesso a novos hospedeiros vulneráveis”, explica Michael Grigg, parasitólogo molecular e integrante do grupo de pesquisadores. Os pesquisadores também descobriram que o parasita Sarcocystis, anteriormente encontrado apenas no Ártico, tem causado mortes de animais ao Sul da Colúmbia Britânica. As vítimas incluem espécies como focas e leões-marinhos, além de ursos-cinzentos e polares.
“As belugas [como são chamadas as baleias-brancas] não são apenas parte da cultura e folclore dos povos inuítes, mas também de sua dieta tradicional. Caçadores e membros da comunidade estão preocupados com a segurança de seu alimento”, afirma o patologista veterinário Stephen Raverty, que participou do estudo. A equipe identificou também uma nova cepa do parasita, responsável pela morte de mais de 400 focas no norte do Atlântico, em 2012.
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