Nobel de Química vai para criadores de moléculas complexas
Trabalho auxiliou na fabricação de medicamentos de combate ao câncer
Segundo a Academia Sueca de Ciências, o prêmio foi aos três por inventarem uma maneira “eficiente e precisa” de criar moléculas complexas
O prêmio Nobel de Química de 2010 foi concedido nesta quarta-feira pela Academia Real Sueca de Ciências para três químicos que facilitaram a criação de moléculas orgânicas complexas, essenciais na fabricação de remédios e até produtos eletrônicos, como telas de cristal líquido. Vão dividir o prêmio de 1,5 milhão de dólares os químicos japoneses Ei-ichi Negishi, de 75 anos, Akira Suzuki, 80, e o americano Richard F. Heck, de 79, por criarem um processo que utiliza o elemento químico paládio para a formação dessas moléculas.
É a quinta vez que o Nobel vai para cientistas envolvidos em processos que facilitem a formação de moléculas complexas – a primeira vez foi o químico francês Victor Grignard, em 1912. A importância desses processos está no fato de que os átomos de carbono, base das moléculas dos seres vivos (a vida na terra é baseada no carbono), são bastante estáveis, e por isso não se conectam facilmente a outros elementos. Nas reações criadas por Heck, na década de 50, Negishi, em 1977, e Suzuki, em 1979, foi usado o elemento paládio para estimular a formação de grandes moléculas de carbono.
O paládio torna possível sintetizar em laboratório moléculas complexas que só existem na natureza. Sem a reação criada pelos três, seria impossível fabricar medicamentos para combater o câncer, ou mesmo telas de cristal líquido. Um exemplo é a palitoxina, molécula presente em um animal marinho, que é composta por 129 átomos de carbono, 223 de hidrogênio, três de nitrogênio e 54 de oxigênio, e está sendo estudada como uma droga quimioterápica. Ela só pôde ser sintetizada em laboratório por causa das reações desenvolvidas pelos três químicos.