Não à toa o rio mais famoso da história antiga, o Nilo teve papel fundamental na construção e crescimento do Antigo Egito. É o que mostra um estudo publicado na revista Nature Geoscience, que traz novos dados sobre como eventos climáticos e mudanças ambientais ocorridas a cerca de 11,5 mil anos atrás, tiveram impactos significativos na morfologia e ecologia do rio e influenciarem diretamente a prosperidade e a adaptação do povo egípcio.
Feito por pesquisadores da Universidade de Southampton, no Reino Unido, o trabalho utilizou métodos modernos como a Luminescência Opticamente Estimulada – uma das técnicas de datação absoluta de sedimentos quaternários, baseada em danos causados por radiação em materiais geológicos – para evidenciar as mudanças bruscas do curso do Nilo, que interferiram no desenvolvimento das civilizações antigas.
Os achados mostram que a cada nova configuração do rio, resultantes da deposição de sedimentos pelas inundações periódicas, das mudanças climáticas e, provavelmente, da desertificação do Saara, a expansão territorial e o desenvolvimento econômico do Egito Antigo era impactado. Isso porque ao se tornar uma via fluvial mais estável, permitia aos egípcios que usasse o Nilo não apenas como fonte de água, mas também seus recursos para a agricultura e enriquecimento do solo, a fim de aumentar as áreas cultiváveis.
Tornando-se mais previsível, o “novo” Nilo também facilitou o planejamento das complexas infraestruturas – incluem-se as famosas construções monumentais como as pirâmides – e a adaptação da população ao clima e à geografia do país.