Marina Silva está entre os dez mais influentes da ciência, segundo revista
Ministra do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas divide espaço com o ChatGPT na tradicional lista compilada pela revista Nature
Anualmente, a Nature, um dos periódicos científicos mais renomados no mundo, elege as dez personalidades mais influentes do ano para a ciência. A edição de 2023 das Natures’s 10, divulgada nesta quarta-feira, 13, contou com a ministra brasileira do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas, Marina Silva, entre os destaques. Pela primeira vez, a revista também selecionou uma figura não humana, ao expandir a lista para reconhecer a importância do ChatGPT para o progresso das pesquisas.
De acordo com o texto divulgado pela revista, Marina Silva foi escolhida por “ajudar a controlar o desmatamento desenfreado e a reconstruir instituições que foram enfraquecidas pelo governo anterior”. De fato, os números foram bem recebidos em um ano de más notícias sobre mudanças climáticas – em agosto, a ministra informou que ao longo dos seis primeiros meses do novo governo, foram capazes de reduzir o desmatamento em 43%, uma das demandas mais urgentes de ambientalistas ao redor do mundo.
Além de reconhecer a importância de Marina Silva em 2023, a revista ainda destacou a história de superação da ministra, o impacto do governo Bolsonaro nas políticas de proteção ambiental e a importância do Brasil no cenário internacional. Há duas semanas, a política acriana também foi escolhida pela revista britânica Financial Times como uma das 25 mulheres mais influentes do ano.
ChatGPT
Além das dez personalidades mais influentes da ciência, a revista também deu destaque para a ferramenta mais popular dentre as inteligências artificiais generativas. “O ChatGPT dominou as notícias este ano e a sua influência está sendo sentida em toda a ciência – e na sociedade”, afirma Richard Monastersky, editor-chefe de reportagens da Nature, em comunicado. “Embora esta ferramenta não seja uma pessoa e não se enquadre perfeitamente na Nature’s 10, expandimos a nossa lista para reconhecer a forma profunda como a inteligência artificial generativa está alterando o desenvolvimento e o progresso da ciência.”
Kalpana Kalahasti
A engenheira indiana foi selecionada pelo sucesso da missão Chandrayaan-3, que fez com que o país asiático se tornasse o quarto em toda a história a conseguir realizar um pouso bem sucedido na Lua. O texto destaca o papel da cientista em incorporar os erros da missão Chandrayaan-2, especialmente com o orçamento da Organização Indiana de Pesquisa Espacial, e chama atenção para a possibilidade de projetos ainda mais ambiciosos no futuro próximo.
Katsuhiko Hayashi
O biólogo japonês foi um dos destaques das ciências biomédicas esse ano. Ele e seu time, na Universidade de Osaka, foram responsáveis por criar, em laboratório, um filhote de camundongo gerado a partir das células de dois genitores machos. O feito, considerado impossível por muitos cientistas, revolucionou a área de estudo de Hayashi. De acordo com a revista, a façanha é importante pois, no futuro, poderá “ajudar a salvar espécies à beira da extinção”.
Annie Kritcher
A física estadunidense foi um dos nomes mais importantes da engenharia atômica em 2023 ao desempenhar um papel essencial em possibilitar a ignição – ponto em que a fusão nuclear gera mais energia do que consome. De acordo com a revista, essa conquista possibilitará que esse processo seja uma fonte “segura, limpa e quase ilimitada” de energia.
Eleni Myruvili
Ao lado de Marina Silva, Myruvili foi um dos dois nomes escolhidos pela importância no combate à crise climática. Como primeira chefe global do escritório de aquecimento das Nações Unidas, a antiga vice-prefeita ateniense teve um papel importante em ajudar os países a se preparem para os efeitos cada vez mais patentes do aquecimento global.
Ilya Sutskever
Cientista chefe da OpenAI, Sutskever foi um dos principais nomes por trás do aprimoramento dos grandes modelos de linguagem (LLM, na sigla em inglês) e do consequente surgimento do ChatGPT. Apesar do seu papel na ascensão das inteligências artificiais generativas, que ganharam destaque nas notícias ao longo do ano, o líder de tecnologia também esteve envolvido em polêmicas, tendo desempenhado um papel importante na demissão e posterior readmissão de Sam Altman como CEO da empresa responsável pelo modelo de IA mais conhecido do mundo.
James Hamlin
O físico ganhou destaque pelo seu papel na retratação de um artigo publicado na Nature. Em uma das edições de março, um grupo de cientistas alegou ter descoberto uma maneira de atingir a supercondutividade em temperatura ambiente, uma conquista que poderia revolucionar a física, a engenharia elétrica e a computação. Hamlin levantou questionamentos sobre a pesquisa, mostrando que o método, na verdade, ainda não era capaz de cumprir o que prometia. O físico já havia desmentido pelo menos dois outros artigos do mesmo autor.
Svetlana Mojsov
A bioquímica iugoslava foi a única reconhecida por uma pesquisa antiga. Ela foi uma das responsáveis pela descoberta do GLP-1, hormônio essencial para o desenvolvimento de medicamentos anti-obesidade como Ozempic, Wegovy e Mounjaro. A nova classe de fármacos ganhou grande popularidade em 2023, por conseguir reduzir o peso em mais de 20%, mas a cientista que descobriu a molécula, ainda na década de 1980, não ganhou reconhecimento pela importância do seu trabalho.
Halidou Tinto
Tinto é diretor de um centro de ensaios clínicos para drogas e vacinas contra a malária há mais de dez anos, em Burkina Faso. Em 2023, uma das vacinas testadas por ele, chamada de R21, foi recomendada pela Organização Mundial da Saúde para a tentativa de erradicação dessa doença. Embora a malária mate mais de 500 mil pessoas anualmente no continente africano, essa é apenas a segunda vacina aprovada e tem o potencial de ajudar a salvar milhões de pessoas.
Thomas Powles
O médico britânico foi destaque pelo combate ao câncer de bexiga. Um ensaio clínico realizado pelo seu grupo de pesquisa testou duas novas drogas para essa doença e foi capaz de estender o tempo de sobrevida médio dos pacientes de 16 meses para dois anos e meio após o diagnóstico. Os dados foram apresentados em outubro no Congresso de Medicina Oncológica de Madrid e abre espaço para uma nova classe de medicamentos, chamados de conjugado droga-anticorpo, que poderão representar um grande avanço para o tratamento do câncer.