Um levantamento disponibilizado pelo laboratório Genera, feito com base em exames genéticos de 200 mil pessoas, revelou que cerca de 71% dos brasileiros que realizaram os testes têm risco de desenvolver obesidade. O estudo ainda mostrou que 64% têm predisposição para sentir fome emocional e 34% para alta ingestão de açúcar.
De acordo com os dados, metade dos clientes também têm propensão à intolerância à lactose, uma condição que se mostrou presente em todos os que tinham ascendência nigeriana ou leste-asiática e em pelo menos 80% dos descendentes de italianos.
Ao levar esses dados em consideração, médicos e nutricionistas podem desenvolver abordagens mais bem sucedidas, que ajudem os pacientes a identificar dificuldades e fatores que podem interferir na nutrição. “Quando temos esses dados, nossa conduta é mais assertiva”, afirma a nutricionista Ariana Rocha.
O estudo ainda revelou dados de condições relacionadas ao envelhecimento: 85% dos participantes apresentaram predisposição a um maior envelhecimento por exposição ao sol; 58% ainda se mostraram mais propensos a calvície e 39% a degeneração macular, uma condição que pode prejudicar a visão. Por último, pelo menos 30% e 23% apresentaram, respectivamente, tendência ao desenvolvimento de câncer de mama e de câncer de próstata.
A amostra é referente ao conjunto de brasileiros que pagaram pelos testes e, por isso, não representa toda a população, afirma o mestre em genômica humana e cofundador da Genera, Ricardo di Lazzaro Filho. Individualmente, contudo, os dados podem ser valiosos. Uma outra pesquisa do laboratório mostrou que 70% dos que fizeram os testes adotaram hábitos mais positivos para a saúde depois que receberam os resultados.
Em março a Genera já havia disponibilizado dados referentes à ancestralidade dos participantes. As ascendências mais presentes foram a europeia, a africana e a oriunda de povos originários americanos. Embora não represente com exatidão a população brasileira, os dados podem ser importantes para grupos que tiveram sua história apagada, como os descendentes de africanos, que descobriram que a maior parte dos antepassados vieram do Golfo da Guiné e da África Ocidental.
O maior diferencial do levantamento é o grande número de participantes, algo difícil de ser conseguido por iniciativas públicas. Di Lazzaro informou que, para conseguir extrair publicações científicas desses dados, está desenvolvendo parcerias com grupos de pesquisa brasileiros que têm ajudado, não só a consolidar essas informações, mas a identificar condições médicas importantes.