Os representantes de 194 países aprovaram neste domingo, na conferência sobre o clima de Durban, na África do Sul, a COP17, um inédito caminho para um acordo global em 2015 destinado a reduzir as emissões de gases que provocam o efeito estufa. Formou-se um grupo de trabalho, chamado de Plataforma de Durban, que vai desenvolver um protocolo ou um instrumento legal de comprometimento de todos os países para cortar as emissões. É a primeira vez que os Estados Unidos e a China, os maiores poluidores do mundo, concordam com um acordo legal neste sentido. A natureza jurídica do acordo ainda será discutida, para que ele entre em vigor até 2020. O alívio era visível entre os representantes reunidos para a conferência, que esteve à beira do fracasso, após quatorze dias e duas madrugadas extra de negociações. “Em homenagem a Mandela: isto parecia impossível, até que foi conseguido. E foi conquistado!”, escreveu no Twitter Christiana Figueres, principal nome da ONU para a questão do clima. A conferência de Durban terminou com 36 horas de atraso por causa da dificuldade de negociação entre os países. A União Europeia teve de aceitar ao fim da reunião um texto que deixa em aberto o caráter obrigatório do futuro pacto climático. Conseguiu, no entanto, impor suas diretrizes às potências emergentes e aos EUA para alcançar esse segundo acordo global. A intenção da União Europeia é fazer um novo Protocolo de Kyoto, que expira em 2012 e que agora se prolongará até 2017 ou 2020. Canadá, Japão e Rússia decidiram ficar de fora desse novo acordo. Kyoto é o único instrumento jurídico vinculante que limita as emissões de gases que provocam o efeito estufa da maioria dos países ricos. Os países em desenvolvimento, que estão isentos do protocolo, respaldam com firmeza o documento, pois ele divide do resto do planeta os países do norte, que têm uma responsabilidade histórica no acúmulo de CO2 na atmosfera. O Protocolo de Kyoto, que foi assinado em dezembro de 1997, entrou em vigor em fevereiro de 2005 e impõe aos países ricos, com a grande exceção dos Estados Unidos, a redução das emissões de seis substâncias responsáveis pelo aquecimento global. A conferência aprovou ainda a implantação do mecanismo de funcionamento de um Fundo Verde, destinado a ajudar os países em desenvolvimento ante o aquecimento global. O objetivo da comunidade internacional é limitar o aumento da temperatura global a mais 2 graus Celsius. A soma das promessas dos vários países em termos de redução de emissões está longe, no entanto, de alcançar a meta. Segundo um estudo apresentado esta semana em Durban, o mundo está a caminho de um aumento de 3,5 graus Celsius na temperatura global. Quase colapso – A ONG Oxfam criticou duramente os resultados da reunião e afirmou que os negociadores evitaram por pouco um colapso do processo ao alcançar um acordo sobre “o estrito mínimo possível”. A ministra sul-africana das Relações Exteriores, Maite Nkoana-Mashabane, que presidiu a conferência, admitiu, desde o início da sessão plenária, à noite, que o pacote de decisões sobre a mesa “não era perfeito”, mas defendeu que era necessário “não deixar que a perfeição seja inimiga do bom”. O próximo encontro sobre o clima acontecerá no Qatar, o maior emissor de gás carbônico per capita do mundo. (Com agências France-Presse e EFE)