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Satélites em baixa órbita podem ofuscar telescópios em terra

Constelações artificiais contribuem para a conexão em lugares remotos, mas prejudicam estudos espaciais

Por Marília Monitchele Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 2 out 2023, 16h19 - Publicado em 2 out 2023, 16h00

O céu noturno costuma ser um terreno compartilhado. Em noites escuras, longe da poluição luminosa das cidades, é possível enxergar milhares de estrelas, a via láctea e as diversas constelações que protagonizam os horóscopos e uma série de lendas míticas. No entanto, a poluição, tão comum na Terra, também alcançou o espaço. Desde o Sputnik 1, levado a órbita em 1957, satélites artificiais e lixo espacial começaram a fazer parte do repertório dos astrônomos. 

Satélites como os da Starlink, do bilionário Elon Musk, formam constelações no céu, levando internet para lugares remotos e inserindo milhares de pessoas nos serviços de comunicação global. Acontece que esse benefício tem um custo, e ele não é apenas financeiro. As constelações de satélite estão ofuscando nossas possibilidades de estudos do espaço e preocupando os pesquisadores. 

O advento das constelações artificiais, contendo centenas e até milhares de satélites pode impactar diretamente a forma como olhamos para o espaço, e isso não é mera figura de linguagem. O lançamento do BlueWalker 3, um protótipo para uma constelação de satélites, tornou a questão emergente. Com 64 metros quadrados, ele se tornou o maior satélite comercial em baixa órbita. Também se tornou um dos pontos mais brilhantes no espaço.

Agora, uma equipe internacional de cientistas publicou um artigo na Nature avaliando o impacto do protótipo na astronomia. O BlueWalker foi lançado em setembro de 2022 pela AST SpaceMobile, como o protótipo de um conglomerado de satélite destinado a comunicações móveis. Os cientistas documentaram o brilho do satélite por 130 dias e os dados sugerem que essa característica pode interferir na observação dos fenômenos espaciais. Isso porque satélites tão brilhantes podem produzir rastros em imagens tiradas por telescópios. Esses rastros podem afetar a observação de estrelas e galáxias, tornando necessária a obtenção de imagens adicionais. No entanto, fenômenos transitórios e curtos, como um flash ou a explosão de raios gama podem ser irremediavelmente perdidos. 

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Além das observações visíveis, o BlueWalker 3 também pode interferir na radioastronomia, já que ele utiliza comprimentos de onda em frequências de rádio próximas às bandas reservadas para radiotelescópios, e as proteções existentes nos observatórios contra esse tipo de interferência podem não ser suficientes. As emissões térmicas do satélite ainda serão estudadas. 

 Os pesquisadores sugerem que estudos mais detalhados devem ser estimulados, a fim de desenvolver estratégias para mitigar o impacto dos satélites existentes e futuros nos estudos do céu. Para eles, embora os satélites cumpram atualmente um papel essencial na melhoria dos sistemas de comunicação, sua interferência nas observações astronômicas podem dificultar o progresso científico e a introdução desses sistemas deve levar em conta seus efeitos secundários sobre os estudos espaciais. 

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