Eletricidade gerada a partir de bactérias está mais próxima da realidade
Cientistas conseguem demonstrar mecanismo molecular em que bactérias fazem descarga de corrente elétrica em suas estruturas. Tecnologia pode ser utilizada para transformar degradação do lixo em energia
Cientistas estão cada vez mais próximos de criar usinas de energia que geram eletricidade a partir das bactérias. Pela primeira vez, pesquisadores demonstram como os micróbios conseguem descarregar pequenas correntes elétricas a partir de suas estruturas. A descoberta abre caminho para máquinas ‘bioelétricas’, onde bilhões de bactérias são ligadas a eletrodos e têm sua energia recolhida. Como alguns organismos se alimentam de poluentes, também existe a possibilidade de que bactérias sejam usadas para converter lixo industrial, radioativo e esgoto em eletricidade.
Todas as bactérias geram pequenas correntes de eletricidade à medida que se livram de elétrons indesejados nas células – o subproduto de converter comida em energia. “Seria uma fonte de energia alternativa assim como a eólica e a solar”, disse Tom Clarke, chefe da pesquisa, realizada na Universidade de East Anglia (Inglaterra), disse em entrevista ao jornal inglês Daily Mail. A vantagem das bactérias, de acordo com Clarke, é que elas fornecem energia constantemente, sem depender dos ventos ou da luz do Sol.
Outra grande vantagem levantada pelo pesquisador é o fato de que os organismos produzem eletricidade ao mesmo tempo em que degradam o esgoto e a poluição. A partir disso, seria possível construir uma usina que se livra do lixo gerando a própria energia que precisa.
O estudo publicado no periódico americano Proceedings of the National Academy of Science mostrou pela primeira vez as estrutura molecular dos “fios” que as bactérias usam para descarregar eletricidade. “Queremos usar esse conhecimento para conectar os micróbios a eletrodos mais eficientemente”, disse Clarke. Atualmente, a quantidade de energia gerada pelos organismos é muito baixa.
Os especialistas, porém, não acreditam que as bactérias venham a competir com usinas nucleares. “Seria possível usá-las em rios para gerar eletricidade. Em grandes centros urbanos, a maioria dos rios tem poluição e comida suficientes para as bactérias”, disse Clarke.