El Niño retorna depois de três anos; entenda os impactos no Brasil
Fenômeno climático contribui para aumento de temperaturas globais e influencia no regime de chuvas e secas
Depois de três anos, o El Niño retorna novamente. Meteorologistas da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos (NOAA, na sigla em inglês) oficializaram sua volta nesta quinta-feira (8). O fenômeno pode levar a condições climáticas extremas até o fim de 2023.
O El Niño ocorre a cada dois ou sete anos e é relatado desde o século XIX. Embora não seja associado à atividade humana, o fenômeno pode desencadear aumentos significativos de temperatura, o que pode ter consequências desastrosas para um planeta que sofre com os efeitos do aquecimento global.
Marcado por um aquecimento acima da média no oceano Pacífico, próximo a linha do Equador, o El Niño muda a circulação dos ventos alísios, que correm de leste a oeste, aquecendo as águas e intensificando a umidade nas costas das Américas, Ásia e Oceania.
Isso pode resultar em ciclones tropicais girando em direção a ilhas vulneráveis do Pacífico, secas na Austrália e chuvas fortes na América do Sul, podendo afetar o Brasil – além de ondas de calor intenso. Isso porque, na última vez que tivemos o predomínio do El Niño, o mundo teve o ano mais quente já registrado, o que levou a secas intensas e a maior queimada já registrada na Amazônia.
De acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), no Brasil, o fenômeno geralmente intensifica a corrente de jato subtropical (ventos que sopram na região subtropical de oeste para leste, se posicionando a 10 quilômetros de altitude), bloqueando as frentes frias sobre o Sul do país e causando excessos de chuva nos meses de inverno e primavera. No Norte e Nordeste, há uma diminuição das chuvas nos meses de outono e verão, enquanto no Sudeste e Centro-Oeste não existem evidências de efeitos no padrão característico das chuvas.
Durante o inverno, também existe uma tendência de aumento moderado das temperaturas médias na parte central do país e possibilidade de redução do número de geadas de forte intensidade na Região Sul, restringindo a ocorrência em áreas pontuais e de maior altitude. Apesar da concordância entre os modelos, ainda existe uma incerteza em relação à intensidade do fenômeno, podendo variar de moderado a forte.