Cientistas fazem com que células obedeçam a ‘programação’
Pesquisadores americanos criam 'dispositivo de RNA' capaz de reprogramar células para funções específicas
O primeiro dispositivo molecular desenvolvido pela equipe de Stanford fez com que células renais brilhassem com uma proteína fluorescente quando o RNA detectou uma proteína de um vírus que ataca bactérias
Cientistas estão cada vez mais perto de programar células como se fossem aplicativos de computador. Pesquisadores da Universidade Stanford (EUA) criaram ‘dispositivos de RNA’ (o ácido ribonucleico, responsável pela síntese de proteínas dentro das células) que podem fazer com que células reajam de acordo com a ‘programação’ recebida. O avanço pode permitir, no futuro, a criação terapias celulares e tratamentos contra o câncer. A pesquisa foi publicada no periódico americano Science.
O primeiro dispositivo molecular desenvolvido pela equipe de Stanford fez com que células renais brilhassem com uma proteína fluorescente quando o RNA detectasse a proteína de um vírus que ataca bactérias. O segundo, mais complexo, fez com que células se destruíssem se o dispositivo de RNA detectasse níveis altos de proteínas envolvidas na formação de câncer.
A invenção é baseada em sistemas de moléculas de RNA que funcionam como um sistema de segurança, ativado apenas por um tipo de intruso. Nesse caso, as moléculas identificam proteínas específicas, presentes nos organismos invasores. Em seguida, como resposta, o sistema inicia ou interrompe a produção de outra proteína.
A bioquímica Christina Smolke, chefe da pesquisa, destaca que as finalidades da nova técnica são muitas. Ela acredita que os dispositivos de RNA poderão ser usados para programar células animais, vegetais e de fungos para realizar diversas tarefas. E a tecnologia poderia ser refinada de tal modo que o dispositivo de RNA fosse ativado depois que várias condições fossem atingidas – por exemplo, ativar um remédio que reduz a taxa de colesterol no fígado logo depois de uma refeição gordurosa. A pesquisadora acredita que a técnica “terá um grande alcance”.