Cientistas desvendam ‘ilha mágica’ em lua de Saturno
O objeto foi identificado pela primeira vez em uma imagem de Titã feita pela sonda Cassini, mas voltou a desaparecer poucos dias depois
Cientistas identificaram quatro possíveis causas para o surgimento de uma misteriosa “ilha mágica” na superfície de Titã, maior lua de Saturno. Ela recebeu esse apelido de astrônomos aparecer e desaparecer em imagens do satélite feitas pela sonda Cassini. A pesquisa foi publicada no domingo, no periódico Nature Geoscience.
CONHEÇA A PESQUISA
Título original: Transient features in a Titan sea
Onde foi divulgada: periódico Nature Geoscience
Quem fez: J. D. Hofgartner, A. G. Hayes, J. I. Lunine, H. Zebker, B. W. Stiles, C. Sotin, J. W. Barnes, E. P. Turtle, K. H. Baines, R. H. Brown, B. J. Buratti, R. N. Clark, P. Encrenaz, R. D. Kirk, A. Le Gall, R. M. Lopes, R. D. Lorenz, M. J. Malaska, K. L. Mitchell, P. D. Nicholson, P. Paillou, J. Radebaugh, S. D. Wall e C. Wood
Instituição: Universidade Cornell, nos Estados Unidos, e outras
Resultado: Os pesquisadores encontraram possíveis explicações para uma “ilha” misteriosa que apareceu e desapareceu em imagens de Titã, a maior lua de Saturno
A “ilha” apareceu como uma mancha brilhante em uma imagem feita no dia 10 de julho de 2013 pela sonda Cassini. Com 19 quilômetros de comprimento e cerca de 9,5 de largura, o misterioso objeto não estava presente em fotografias anteriores e voltou a desaparecer em uma imagem capturada no dia 26 do mesmo mês.
Titã é relativamente parecida com a Terra. Ela também apresenta atmosfera e estações bem marcadas. Ventos e chuvas criam mares e dunas em sua superfície, mas com a significativa diferença de que as dunas são feitas de gelo, em vez de pedras e areia, e os mares contêm metano e etano. Esses hidrocarbonetos são gases na Terra, mas em Titã, por causa da temperatura de – 180ºC, existem no estado líquido. A “ilha mágica” foi descoberta no Ligeia Mare, segundo maior lago de Titã, localizado no seu hemisfério Norte.
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Explicações – No novo estudo, os cientistas limitaram as possíveis causas da mancha vista na foto a quatro: um ou mais icebergs; material em suspensão logo abaixo da superfície do lago; gases vindos das profundezas do oceano que teriam formado bolhas ao atingir a superfície; ou a primeira evidência de ondas no lago.
Estudos anteriores haviam levado à conclusão de que o Ligeia Mare seria tão estável quanto uma superfície de vidro, sem nenhuma perturbação acima de 1 milímetro. Mas os ventos fracos podem estar mudando: cada uma das estações em Titã dura o equivalente a sete anos terrestres, e o Hemisfério Norte está se aquecendo com a aproximação do verão, previsto para 2017. Temperaturas elevadas trazem ventos mais fortes, que provocam ondas.
Os pesquisadores ainda não sabem dizer, no entanto, se os ventos serão fortes o suficiente para dar origem a grandes ondas, ou apenas breves perturbações. Um acompanhamento por imagens nos próximos meses deve ajudar a resolver definitivamente o mistério. “Diversos processos, como vento e chuvas, podem afetar os lagos de metano e etano em Titã. Nós queremos observar as similaridades e diferenças com os processos geológicos que ocorrem na Terra”, afirma Jason Hofgartner, estudante da Universidade Cornell, nos Estados Unidos, e principal autor do estudo. Para ele, esse conhecimento pode ajudar a aumentar a compreensão sobre os ambientes aquáticos da Terra.