Pesquisadores da Universidade de Sussex, no Reino Unido, passaram dois anos estudando a dança que as abelhas fazem quando voltam de sua busca por alimentos, para mostrar às demais como chegar ao local onde as melhores flores foram encontradas, e descobriram que podem ajudar na preservação tanto das abelhas quanto de outros insetos polinizadores. O estudo foi realizado com abelhas melíferas (Apis mellifera) que habitam colmeias instaladas no campus da universidade, com a frente feita em vidro, para facilitar a observação.
CONHEÇA A PESQUISA
Título original: Waggle Dance Distances as Integrative Indicators of Seasonal Foraging Challenges
Onde foi divulgada: periódico Plos One
Quem fez: Margaret J. Couvillon, Roger Schürch e Francis L. W. Ratnieks
Instituição: Universidade de Sussex, no Reino Unido
Resultado: Os pesquisadores estudaram o significado da dança que as abelhas fazem para contar às outras onde encontraram alimentos e descobriram que o verão é o período mais trabalhoso para a alimentação.
Durante a dança, as abelhas agitam o abdômen e se movem fazendo um oito repetidamente. Esse processo indica para as demais a distância até as flores encontradas e a sua direção a partir da colmeia. De acordo com os pesquisadores, um movimento de abdômen de 1 segundo de duração corresponde a cerca de 750 metros de área percorrida pelo inseto em busca de alimento. Os cientistas calcularam a distância percorrida por essas abelhas mês a mês, e descobriram que a área coberta é 22 vezes maior no verão do que na primavera e seis vezes maior do que no outono – o inverno não foi considerado, porque nesta época as abelhas praticamente não saem da colmeia.
Essa diferença ocorre porque, na primavera, as flores são naturalmente mais abundantes, enquanto no outono floresce um gênero de plantas comumente conhecido como heras. No verão, porém, as flores são mais escassas, principalmente em virtude da intensificação da agricultura – que diminui a quantidade de flores selvagens no campo.
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Desaparecimento – Apesar de as abelhas serem essenciais para a produção de alimentos, sua população tem diminuído de forma alarmante. Nos últimos oito anos, apicultores ao redor do mundo têm percebido esse fenômeno, denominado síndrome do colapso da colônia. Entre os motivos que já foram apontados para explicar o declínio das populações estão a ação de vírus, fungos, bactérias e o uso de pesticidas.
Para os pesquisadores, os resultados do estudo poderão aperfeiçoar os esforços de proteger as abelhas. “Os insetos estão nos dizendo onde procuram alimento, então agora podemos entender como ajudá-las, plantando mais flores para elas no verão”, afirma Frances Ratnieks, professor de apicultura na Universidade de Sussex e um dos autores do estudo. Segundo ele, a descoberta vai beneficiar outros polinizadores também, como as abelhas mamangava, comuns no Brasil. “Observamos uma grande quantidade de outros insetos polinizadores se alimentando onde as abelhas melíferas encontram bons alimentos, de modo que podemos melhorar as buscas de todos esses insetos.”
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