Cientistas descobrem ‘ponto fraco’ em superbactérias
Ao desvendar mecanismo que protege bactérias contra a ação de antibióticos, estudo pode ser primeiro passo para a criação de um novo tipo de medicamento
Um possível ponto fraco nas bactérias resistentes a antibióticos foi descoberto por pesquisadores da Grã-Bretanha e da China e pode ajudar a combater a ameaça que elas representam. O estudo, publicado online na quarta-feira, na revista Nature, desvendou o mecanismo que gera a barreira de proteção dessas bactérias.
CONHEÇA A PESQUISA
Título original: Structural basis for outer membrane lipopolysaccharide insertion
Onde foi divulgada: periódico Nature
Quem fez: Haohao Dong, Quanju Xiang, Yinghong Gu, Zhongshan Wang, Neil G. Paterson, Phillip J. Stansfeld, Chuan He, Yizheng Zhang, Wenjian Wang e Changjiang Dong
Instituição: University of East Anglia, na Grã-Bretanha, e outras
Resultado: Os pesquisadores descobriram o mecanismo que protege as superbactérias contra a ação dos medicamentos. Se desativado, ele pode facilitar a eliminação desses micro-organismos
A descoberta pode ser o primeiro passo para um novo tipo de medicamento que combata os ‘muros’ de proteção das superbactérias, e não as bactérias em si. A Organização Mundial da Saúde (OMS) já alertou a população que a resistência a antibióticos está se espalhando pelo mundo, causando consequências severas. Mesmo infecções comuns, que têm sido tratadas há décadas, podem se tornar letais caso os medicamentos deixem de ter o efeito esperado contra elas.
Os pesquisadores investigaram um tipo de bactéria chamado gram-negativa, particularmente resistente a antibióticos devido a uma membrana externa impermeável que ele possui, feita de lipídios. Essa estrutura age como uma barreira de defesa contra os ataques do sistema imunológico e dos medicamentos, permitindo que a bactéria sobreviva. Se a barreira for removida, a bactéria torna-se mais vulnerável e pode ser eliminada.
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Até agora, pouco se sabia sobre a formação dessa defesa, mas as descobertas desse novo estudo relevam o mecanismo que as células bacterianas utilizam para transportar os materiais que compõe essa barreira, os lipopolissacarídeos, até a parte externa da célula. “Nós identificamos o caminho e o ‘portão’ utilizados pela bactéria para formar essa barreira. E, mais importante, demonstramos que a bactéria morreria se o ‘portão’ fosse fechado”, explica Changjiang Dong, pesquisador da University of East Anglia, na Grã-Bretanha, um dos autores do estudo.
Uma vantagem da possível nova geração de medicamentos decorrente dessa descoberta seria o fato de que, por atacarem a barreira de proteção, e não a bactéria, não seria possível que o micro-organismo desenvolvesse resistência a esse tipo de droga no futuro.