Um grão de rocha azul é considerado o pedaço mais antigo conhecido da crosta terrestre, a camada mais externa do nosso planeta. O cristal de zircão, mineral derivado do zircônio, tem idade estimada em 4,4 bilhões de anos, e está fazendo os pesquisadores repensarem a história geológica da Terra. O estudo que o descreve foi publicado neste domingo no periódico Nature Geoscience.
CONHEÇA A PESQUISA
Título original: Hadean age for a post-magma-ocean zircon confirmed by atom-probe tomography
Onde foi divulgada: periódico Nature Geoscience
Quem fez: John W. Valley, Aaron J. Cavosie, Takayuki Ushikubo, David A. Reinhard, Daniel F. Lawrence, David J. Larson, Peter H. Clifton, Thomas F. Kelly, Simon A. Wilde, Desmond E. Moser e Michael J. Spicuzza
Instituição: Universidade de Wisconsin, nos Estados Unidos, e outras
Resultado: O fragmento mais antigo da crosta terrestre já encontrado sugere que a vida pode ter se formado muito antes do que se acredita atualmente
O cristal foi extraído em 2001, na Austrália, e tem entre 200 e 400 micrômetros de tamanho – aproximadamente o dobro de um fio de cabelo. A idade do fragmento foi avaliada com o uso de duas técnicas distintas: um tipo de tomografia que identifica e mapeia átomos e também a medida da radiação encontrada na amostra.
Levando em consideração que a Terra se formou há 4,5 bilhões de anos, a presença deste cristal indica que o planeta se resfriou o suficiente para formar uma camada sólida em apenas 100 milhões de anos. A descoberta reforça a teoria da “Terra primitiva fria”, segundo a qual as temperaturas se tornaram baixas o bastante para sustentar oceanos – e talvez até a vida – mais cedo do que se costuma pensar.
A ideia é que, se uma camada sólida se formou na Terra há 4,4 bilhões de anos, micro-organismos podem ter surgido por volta de 100.000 anos depois. Até o momento, porém, as evidências fósseis mais antigas que conhecemos datam de 3,4 bilhões de anos – bem mais tarde do que esta teoria afirma.
“Nós não temos nenhuma evidência de que a vida já existia nessa época. Também não temos nenhuma evidência de que ela não existia. Mas não há nenhuma razão pela qual a vida não poderia ter existido na Terra há 4,3 bilhões de anos”, disse à agência Reuters John Valley, pesquisador da Universidade de Wisconsin, nos Estados Unidos, e um dos autores do estudo.
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