Nem sempre os cangurus foram animais que saltavam para percorrer grandes distâncias. Os membros da extinta família Sthenurinae, que viveram há 15 milhões de anos entre os mamutes e neandertais, caminhavam em duas patas – em vez de pularem ou andarem com as quatro patas, como os cangurus modernos. Além disso, a espécie tinha apenas um dedo nas patas traseiras e um focinho mais curto, o que a fazia parecer um coelho. O estudo, com a descrição do curioso canguru, foi publicado nesta quarta-feira no periódico PLOS One.
CONHEÇA A PESQUISA
Título original: Locomotion in Extinct Giant Kangaroos: Were Sthenurines Hop-Less Monsters?
Onde foi divulgada: PLOS One
Quem fez: Christine M. Janis, Karalyn Buttrill e Borja Figueirido.
Instituição: Universidade Brown, nos Estados Unidos, e Universidade de Málaga, na Espanha.
Resultados: Extinta família de cangurus, Sthenurinae, andavam em duas patas ao invés de pularem e tinham um focinho mais curto, o que os fazia parecer com um coelho.
Após analisar e comparar a estrutura óssea e o tamanho dos Sthenurinae com os cangurus atuais, pesquisadores da Universidade Brown, nos Estados Unidos, constataram que esses animais não eram capazes de saltar. Em vez disso, era provável que os cangurus fossem bípedes e que andassem com as duas patas traseiras. Os cientistas analisaram 144 esqueletos de espécies extintas e atuais de cangurus para chegarem a esse resultado.
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Anatomia – Outros estudos já haviam mostrado que seria difícil para esses cangurus andarem em quatro patas, por terem uma espinha dorsal ereta e braços finos. O recente estudo chegou ao verificar que os ossos do quadril da família Sthenurinae eram propícios a acomodar grandes músculos do glúteo e, assim, a aguentar o peso do corpo em uma só perna – ou seja, conseguiriam caminhar.
Além disso, foi constatado que esses animais não pastavam, mas sim colhiam alimentos de árvores e arbustos. Isso porque seus dentes eram mais adaptados a esse tipo de comida do que à grama, alimento dos cangurus atuais. Esse ponto é outra evidência da capacidade da família Sthenurinae de ficar ereta sobre duas pernas.
De acordo com Christine Janis, coautora do estudo e professora de biologia evolutiva da Universidade de Brown, os cangurus gigantes andavam devagar e movimentavam uma perna de cada vez, principalmente as espécies mais altas, que chegavam a dois metros de altura, tendo quase três vezes o tamanho dos cangurus atuais. Extintos há 30 000 anos, eles deixaram apenas as espécies que conhecemos hoje. “Pode ter sido por seus genes ruins ou azar, mas seja qual for a razão, os cangurus gigantes não tiveram para onde ir e desapareceram”, diz Christine.