Cientistas desvendaram a origem de estranhos sinais espaciais que intrigavam astrônomos do mais famoso telescópio australiano desde 1998. A fonte das interferências, no fim, em nada é espacial. Elas vieram de um forno micro-ondas da cozinha do próprio observatório Parkes, e que é usado por funcionários para esquentar lanches. A descoberta, feita pela australiana Emily Petroff, da Organização para Pesquisa Científica e Industrial da Austrália (CSIRO, na sigla em inglês), administradora do telescópio, foi publicada em uma plataforma online de artigos científicos da Universidade Cornell, nos Estados Unidos.
Os sinais, que costumavam surgir uma ou duas vezes por ano e apenas nos horários comerciais, foram detectados pela primeira vez há dezessete anos e tinham frequência e duração semelhantes a rápidas explosões de ondas de rádio que, normalmente, vêm de outras galáxias. Até então, os cientistas acreditavam que eram provenientes do espaço. Mas um novo equipamento para monitorar interferências, instalado em janeiro, resolveu a dúvida. Ele detectou que os sinais fortes eram de frequência de 2,4 Gigahertz (GHz), exatamente iguais às do forno micro-ondas do observatório.
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Emily decidiu investigar os sinais e, a princípio, eles não pareciam ter origem no forno da cozinha. Exceto quando a porta era aberta antes do término do aquecimento. Quando isso acontecia, os sinais eram exatamente iguais aos detectados pelo telescópio desde 1998. Eles eram raros pois o telescópio deveria estar apontado para a direção do aparelho para que a interferência fosse percebida.
Faíscas e poeira – Interferências em telescópios são um problema comum que costuma aborrecer cientistas. Ondas de rádio FM, televisões digitais, celulares e sinais de internet wireless podem confundir os dados vindos do cosmo. Em 1967, por exemplo, astrônomos franceses do observatório de Haute-Provence detectaram sinais que pareciam vir de potentes estrelas. Até que perceberam que faíscas terrestres é que originaram as informações.
(Da redação)