A maioria dos filmes de viagem extraterrestre não pensa muito na alimentação dos astronautas nesses ambientes, mas, com a ascensão de uma nova corrida espacial essa será uma preocupação real. A oportunidade para o Brasil neste cenário é inquestionável e o país está de olho nessa chance. Nesta terça-feira, 21, o presidente da Agência Espacial Brasileira (AEB), Marco Antônio Chamon, e a executiva da Embrapa, Silvia Massruhá, assinaram protocolo de intenções em benefício da participação no Programa Artemis, da Nasa.
A partir da parceria, a Embrapa fornecerá dados, tecnologias e produtos que poderão ser utilizados em fazendas espaciais, área conhecida internacionalmente como space farming. O foco será no desenvolvimento e na adaptação de culturas de batata-doce e grão de bico, hortaliças estratégicas por serem versáteis, nutritivas e de rápido crescimento.
De acordo com os presidentes, a cooperação abre um novo caminho para ambas as instituições. Para a empresa de agropecuária, representa a consolidação do papel de referência em agricultura tropical e a busca de novos desafios; para a agência espacial, a busca da conquista do espaço para além da produção de foguetes, satélites e tecnologias de sensoriamento remoto
“Desde que o Brasil assinou o Acordo Artemis, em 2021, e os objetivos publicados em 2022, sendo alguns deles relacionados ao cultivo de plantas no espaço, vislumbrou-se a oportunidade de a Embrapa contribuir com avanços em pesquisa agrícola, assim, levei a ideia de Space Breeding e Space Farming à gestão da Embrapa Pecuária Sudeste, que apoiou o avanço de articulações sobre a temática”, diz a pesquisadora Alessandra Fávero, à Secretaria de Comunicação da Embrapa.
A parceria estabelece uma rede de 12 instituições e mais de 30 pesquisadores que atuarão na ciência agropecuária com foco no acordo Artemis, um programa de cooperação internacional para exploração da Lua lançado pela Nasa e recebe o mesmo nome da missão que pretende levar astronautas de volta para o satélite antes do final deste século.
Se der resultados, a colaboração poderá consolidar o papel do Brasil na exploração lunar e abrir espaço para o país em outras cooperações internacionais.
Os astronautas, no entanto, não serão os únicos beneficiários. “Existem milhões de pessoas passando fome no mundo, muitos solos degradados que precisam ser recuperados e é nossa responsabilidade ter isso como prioridade”, afirma o pesquisador da Embrapa Agrobiologia, Gustavo Ribeiro Xavier. Assim como a primeira corrida espacial acelerou o desenvolvimento de tecnologias utilizadas até hoje como o velcro, a câmera de celular e os filtros de água, a pesquisa em space farming poderá ajudar no solução de problemas como o cultivo em ambientes inóspitos e a recuperação de solos degradados. É, potencialmente, uma via de mão dupla.