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10 bilhões de iPhones: estudo revela o tamanho do lixo eletrônico gerado por IAs

Até 2030, montante anual pode crescer até mil vezes

Por Luiz Paulo Souza Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 28 out 2024, 18h25

Desde a popularização das inteligências artificiais generativas, no final de 2022, tem crescido também a preocupação sobre seu impacto ambiental. Já é extensa a literatura que reflete o peso dessa tecnologia sobre o consumo de energia, mas, agora, uma pesquisa revelou uma grande influência potencial sobre a geração de lixo. 

O estudo foi publicado no periódico científico Nature Computational Science, nesta segunda-feira, 28, e mostra que, até 2030, os grandes modelos de linguagem – como são chamadas os programas como o ChatGPT e o Gemini – podem aumentar em até mil vezes a quantidade de lixo eletrônico gerado. 

O estudo estima que, neste ano, 2,3 mil toneladas de lixo eletrônico serão produzidas por essas ferramentas. Até 2030, no entanto, essa quantidade pode aumentar significativamente, para algo entre 0,4 e 5 milhões de toneladas anualmente, o que equivale a algo entre 0,2 e 2,3 iPhones jogados fora por habitante do planeta. “Em última análise, as nossas conclusões destacam a necessidade premente de antecipar futuros surtos de resíduos eletrônicos relacionados com IAs generativas”, escrevem os autores. 

Como resolver o problema do lixo eletrônico?

Isso acontece porque, como ficou evidente no último ano, esse tipo de tecnologia evolui rapidamente e está frequentemente demandando uma atualização de infraestrutura, o que inclui aumento de capacidade de processamento e armazenamento, por exemplo. O lixo provém das peças que não são mais suficientes para suprir as necessidades de maior poder computacional. 

Os autores não defendem, contudo, que o desenvolvimento dessas tecnologias seja interrompido. “Nosso estudo não visa prever com precisão a quantidade de servidores de IA e seus resíduos eletrônicos associados, mas sim fornecer estimativas brutas iniciais que destaquem as escalas potenciais do desafio futuro e explorar possíveis soluções de economia circular”, diz o estudo. 

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Para eles, a saída está em estratégias como prolongar o tempo de uso desses equipamentos, reutilizar os componentes ou reciclar o hardware para extrair materiais de valor. De acordo com as análises, isso pode reduzir a geração de resíduos eletrônicos em algo entre 16 e 86%

Quanto lixo eletrônico é produzido anualmente?

Outro estudo também divulgado este ano, pela ONU, revela que o crescimento do lixo eletrônico ocorre em uma escala muito maior do que a sua reciclagem. Em 2022, a produção desse tipo de resíduo bateu recorde e chegou a 62 milhões de toneladas, consolidando um aumento anual de 2,6 milhões de toneladas, o equivalente a cinco vezes mais do que o aumento na reciclagem. 

De fato, um outro levantamento revela um desperdício de 10 bilhões de dólares em materiais que poderiam ser recuperados anualmente, como brinquedos, cabos e até vapes. “O lixo eletrônico invisível passa despercebido devido à sua natureza ou aparência, levando os consumidores a ignorar seu potencial reciclável”, disse Pascal Leroy, presidente do Fórum WEEE, um centro multinacional de avaliação desse tipo de resíduo, em comunicado. 

Esse é um problema pois muitos equipamentos eletrônicos possuem baterias ou outros componentes tóxicos. “Se não forem tratadas adequadamente, substâncias como chumbo, mercúrio ou cádmio podem infiltrar-se e contaminar o solo e a água”, diz Leroy.

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