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Um drone e a digital do PCC no assalto milionário no Paraguai

Entenda o que vincula o PCC ao assalto planejado com drone e equipamento de guerra à Prosegur no Paraguai

Por Felipe Frazão Atualizado em 28 abr 2017, 06h49 - Publicado em 28 abr 2017, 06h49
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  • O assalto à transportadora de valores Prosegur em Ciudad del Este, município paraguaio na fronteira com o Brasil, foi uma ação planejada com recursos tecnológicos e militares pelos criminosos. Eles pilotaram um drone para reconhecer a vizinhança e estudar a rotina de vigilância na transportadora, que fica próxima a um posto policial e dista cerca de quatro quilômetros da Ponte da Amizade, na divisa com Foz do Iguaçu (PR). Os assaltantes conseguiram roubar 11,7 milhões de dólares da Prosegur, após explodir a entrada e fuzilar um policial que trabalhava como vigia. Depois, o bando incendiou cerca de quinze carros nas ruas de Ciudad del Este, trocou tiros por horas com policiais e espalhou pelas ruas objetos pontiagudos de metal para dificultar a perseguição. Uma madrugada de terror na fronteira.

    O drone de cor preta foi apreendido nesta quinta-feira pela polícia paraguaia, numa residência de luxo no Paraná Country Club, em Hernandarias – cidade por onde parte do bando escapou atravessando o rio. A casa era alugada pelo brasileiro Wellington Tiago de Miranda Rossini, com passagens por ameaça, estelionato e uso de documento falso. Ele é o décimo sexto suspeito detido, o primeiro em solo paraguaio. Também foram apreendidos três novos carros, sendo duas picapes – todos com chapa brasileira.

    Além do drone e das picapes, que se somam a outros carros potentes estilo SUV apreendidos no Brasil, os investigadores paraguaios também encontraram escondidas na mata quatro lanchas rápidas de cor escura, à beira do Lago Itaipu. O plano de assalto foi afinado numa casa de alto padrão em Ciudad del Este, onde o bando pernoitou nos dias anteriores ao assalto. O Ministério Público do Paraguai estima que fossem sessenta criminosos com armamento pesado – apreendeu-se seis fuzis (entre eles um Armalite AR-50 A2 de 3 500 dólares, cujo calibre pode abater aeronaves), pistolas, sete quilos de explosivos, farta munição, rádios comunicadores, coletes balísticos, máscaras e roupas camufladas.

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    A quantidade de recursos empregados e o planejamento são indícios de uma organização criminosa estruturada, capaz de injetar dinheiro na preparação do assalto, por isso os investigadores e o governo do Paraguai rapidamente atribuíram a ação ao Primeiro Comando da Capital (PCC). O método do ataque também lembra outros perpetrados pelo PCC no Brasil recentemente. Desde o ano passado, a facção tenta reestruturar seus negócios no Paraguai – seja o tráfico de drogas ou aquisição de armamento. Integrantes do alto escalão, Fabiano Paca, solto em 2015, e Gegê do Mangue, solto em fevereiro deste ano e o atual número dois na hierarquia, estariam escondidos em solo paraguaio. A maior evidência, porém, surgiu de um dos criminosos mortos em tiroteio no Paraná.

    A digital do PCC confirmou-se com a identificação de Dyego Santos Silva, o Coringa, como um dos três mortos na fuga. Ele foi baleado por policiais e morreu num matagal. Vestia coturnos pretos, camisa e calça camuflada. “O Dyego tinha uma função relevante de rua no PCC. O fato de ele estar lá é um indicativo forte de que o PCC pode estar envolvido nesse assalto ou, na melhor das hipóteses, vários integrantes da facção se associaram em quadrilha para praticar o assalto com armamentos próprios ou emprestados pela facção, em troca da partilha dos lucros do roubo. Como ele tinha função de rua, de quem organiza a parte financeira e de tráfico, faz contatos com a cúpula, para se ausentar teria pelo menos a aquiescência da cúpula”, diz o promotor paulista Lincoln Gakiya. Em 2013, na maior investigação já realizada contra o PCC, Dyego foi apontado como um dos líderes da “sintonia final de rua” da facção. Comandava o tráfico, a logística e mantinha contato direto e a confiança da cúpula presa na Penitenciária II de Presidente Venceslau (SP). “Coringa tem autonomia para comandar as ações criminosas da facção na rua”, diz trecho da denúncia do Ministério Público de São Paulo.

    Trecho de denúncia do Gaeco de São Paulo sobre posição de Dyego Santos Silva no PCC
    Trecho de denúncia do Gaeco de São Paulo sobre posição de Dyego Santos Silva no PCC (Reprodução/VEJA)

    A Polícia Federal mantém sigilo sobre os rumos da investigação e não envolveu ainda o PCC no crime. Em solo brasileiro, quinze suspeitos foram detidos – e sete deles libertados a mando da Justiça. Em sua maioria, eram paulistas e paranaenses, Estados onde a facção é predominante no crime. As buscas continuam em toda a fronteira. De acordo com fontes policiais, existe uma ordem para colher material genético de todos os detidos em situação suspeita, para depois confrontar com os achados da perícia na mansão alugada e no local do crime. A PF recuperou 1,5 milhão de dólares do total roubado.

    Nesta quinta, cinco brasileiros foram encontrados escondidos num imóvel na zona rural de Capitán Bado, que dista 377 quilômetros de Ciudad del Este. Eles não tinham documentos nem comprovaram ter entrado legalmente no país.

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