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Tragédia no RS: não adianta enviar verba sem ter plano, diz especialista

Para Gerardo Portela, iniciativa do governo é até bem intencionada, mas falta orientação técnica para construir cidades preparadas para esses eventos

Por Ricardo Chapola
11 Maio 2024, 10h40

Especialista em gerenciamento de crise, o engenheiro Gerardo Portela afirmou a VEJA que falta planejamento do governo federal na destinação de recursos para a recuperação do Rio Grande do Sul, estado afetado por enchentes que atingiram quase 2 milhões de gaúchos e mataram 136 pessoas até agora. Nesta semana, o presidente Lula anunciou um pacote de ações de 50,9 bilhões de reais para auxiliar as famílias comprometidas pelas inundações.

“Estamos vendo mais uma liberação de pacote de verbas sem planejamento. O que seria de se esperar é um plano nacional de prevenção de perdas decorrentes de fenômenos climáticos. A iniciativa do governo é até bem intencionada. Mas falta orientação técnica, de engenharia, para construir novas cidades preparadas para eventos como os que aconteceram no Rio Grande do Sul”, afirmou Portela.

De acordo com informações fornecidas pelo Tribunal de Contas da União (TCU), em 2023, no primeiro ano do terceiro mandato do presidente Lula, o governo federal gastou 18 vezes mais na reparação de danos provocados por desastres ambientais se comparado ao que foi investido na prevenção de novas catástrofes.

Foram destinados 1,2 bilhão de reais para reparos e 70 milhões de reais para mitigação dos efeitos dos desastres. A discrepância se mantém em outros recortes. De 2013 a 2023, período que abrange os governos Dilma Rousseff, Michel Temer e Jair Bolsonaro, a União desembolsou 13,3 bilhões de reais na reconstrução de áreas atingidas por tragédias. No mesmo período, destinou apenas 4,9 bilhões de reais para prevenção. Os valores do Painel de Recursos para Gestão de Riscos e de Desastres do TCU não são corrigidos pela inflação e refletem números atualizados até 16 de fevereiro deste ano.

“Assim que acontece alguma catástrofe, a mobilização é grande para liberar dinheiro. Esse tipo de solução não agrega em nada para melhorar a infraestrutura do País”, destaca o especialista. Ele também chama a atenção para os baixos valores investidos em mitigação, ano após ano.

“São valores incompatíveis com os que custariam as obras de redimensionamento e ampliação de infraestrutura necessárias para o Brasil. É um dinheiro aparentemente voltado para obras de melhoria, de rotina”, completou.

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