O que o Centrão pretende no governo? Respondo pelo PP. O partido tem o perfil de apoiar os governos. O nosso foco é levar benefícios aos estados, e isso só é possível se houver alinhamento com o Executivo. São governos que foram eleitos pela maioria do povo.
A pecha do fisiológico incomoda? Tem de acabar com esse estigma. As pessoas criticam, mas a verdade é que, se não fossem esses partidos de centro, nenhum presidente teria aprovado nada, nenhum projeto.
Qual seu grau de alinhamento com o presidente Bolsonaro? Tenho perfil de centro-direita, mas, por questão de pragmatismo, fizemos outras alianças. Eu e o Bolsonaro temos um perfil muito mais parecido, principalmente quando se trata de valorizar quem produz e diminuir o tamanho do Estado.
ASSINE VEJA
Clique e AssineEsse apoio depende de cargos? O partido começou a votar com o governo muito antes de ganhar os cargos. Nunca houve um Congresso tão favorável a um governo como este. É claro que também há interesses políticos, eleitorais. Existe um vazio grande que o Bolsonaro está ocupando no Nordeste, um vazio que o PT tem deixado. Esses novos programas sociais deram um impulso muito grande ao presidente lá.
O senhor era até ontem aliado fiel do PT, especialmente de Lula… Acho que o Lula não está mais com pique de campanha — acredito que por causa da idade e pelo que ele passou. Os governadores do PT não estão indo muito bem no Nordeste. Eu vi pesquisas que mostram cidades em que o partido ganhou com mais de 70% dos votos e hoje tem cerca de 30%. Já o Bolsonaro subiu. O presidente precisa ir mais à região. Há uma série de inaugurações de obras importantes. Quero levá-lo a uma comunidade que não tem água para ele ver um poço jorrando, a alegria dessas pessoas. Não tem quem não se emocione. Espero que ele vá.
As acusações de corrupção não o constrangem? Não tenho esse foco, isso fica para os advogados. Determinadas situações são criadas apenas por causa da importância que você tem. São os ossos do ofício.
Publicado em VEJA de 24 de junho de 2020, edição nº 2692