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‘Sem contato’: familiares cobram notícias de desaparecidos em Brumadinho

Nas mesas de atendimento, a informação é que não há contato dos desaparecidos. 'Meu primo tem 3 filhos esperando uma notícia', diz um morador

Por Guilherme Venaglia, de Brumadinho (MG)
Atualizado em 28 jan 2019, 22h14 - Publicado em 28 jan 2019, 13h15
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  • Pais, filhos, irmãos, primos. Na Estação do Conhecimento, centro comunitário mantido pela mineradora Vale no centro de Brumadinho (MG), familiares fazem plantão na manhã desta segunda-feira, 28, em busca de notícias de entes queridos que estão desaparecidos desde que uma barragem de rejeitos de minério de ferro mantida pela empresa na cidade se rompeu, na sexta-feira 25.

    Nas mesas de atendimento, a notícia que se ouve nesta segunda é a mesma: “Sem contato”. Esta é a forma como os funcionários da empresa se referem àqueles que continuam desaparecidos, como o primo de Fernando Nunes Araújo, de 29 anos.

    “Ninguém nos dá uma notícia. A Vale precisa nos dizer. Eles precisam trabalhar e encontrar as pessoas. Nossa casa está bem, estamos bem, mas meu primo tem três filhos, que estão esperando uma notícia”, diz Fernando, morador da Comunidade do Tejuco, uma das mais próximas da região da mineração.

    O primo dele, Peterson Nunes Ribeiro, de 35 anos, trabalha no almoxarifado da Vale, contratado por uma terceirizada. Estava em horário de almoço, possivelmente no refeitório atingido pelos rejeitos de minério de ferro.

    Liliane Patrícia Braz Dias aguarda notícias do irmão, Cristiano Braz Dias, de 32 anos, que trabalha com acabamento de asfalto para a Vale. Cristiano nunca havia trabalhado na barragem de Brumadinho e costumava ser escalado para ajudar na empresa em Nova Lima. “Nós mandamos mensagem para ele, para avisar do que tinha acontecido e ele não ir para lá. Pouco depois, o patrão procurou minha cunhada e avisou que Cristiano havia ido para lá”, relata Liliane, que conta que as atenções da família estão agora voltadas para a pequena Vitória, de 5 anos, filha de Cristiano.

    Para aplacar um pouco do sofrimento, religiosos procuram o local para prestar solidariedade às vítimas, seja entregando panfletos com mensagens, seja em rodas de oração. O diácono Paulo Taitson é um dos integrantes da Igreja Católica que compareceram. “A esperança é a única coisa a que eles podem se apegar neste momento. É uma tragédia. Vim para ajudá-los a buscar conforto em Deus”, afirmou.

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