Rompimento de barragem destruiu o equivalente a 378 campos de futebol
Lama destruiu 269,84 hectares de mata, segundo imagens de satélite; ainda não foi estimada a área afetada pelos rejeitos nas margens do rio Paraopeba

O rompimento da barragem da mineradora Vale em Brumadinho, Minas Gerais, destruiu pelo menos 269,84 hectares de mata, o equivalente a cerca de 378 campos de futebol. Os dados, divulgados nesta quarta-feira, 30, pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), foram obtidos por meio de imagens de satélite.
A análise, realizada no trecho da barragem da mina Córrego do Feijão até a confluência com o rio Paraopeba, aponta que os rejeitos de mineração devastaram 133,27 hectares de vegetação nativa de Mata Atlântica e 70,65 hectares de Áreas de Proteção Permanente (APP) ao longo do curso d’água afetados pelos rejeitos de mineração, informa o Ibama.
Segundo o instituto, foram comparadas imagens de satélite obtidas no segundo dia após o rompimento com imagens de 3 e 7 dias antes da tragédia. Ainda não foi estimada a área afetada pelos rejeitos nas margens do rio Paraopeba por causa de nuvens nas imagens via satélite.
O Ibama concluirá, nos próximos dias, um laudo técnico com a avaliação preliminar sobre os impactos ambientais causados pelo rompimento da barragem. Os mapas serão encaminhados para os órgãos envolvidos na resposta ao desastre.
A barragem VI no Córrego do Feijão tem volume de 1 milhão de metros cúbicos de rejeito de mineração, segundo o Ibama.

Em razão do rompimento da barragem, o órgão aplicou cinco multas de 50 milhões de reais cada na Vale por: causar poluição que possa resultar em danos à saúde humana; tornar área urbana ou rural imprópria para a ocupação humana; causar poluição hídrica que torne necessária a interrupção do abastecimento de água; provocar o perecimento de espécimes da biodiversidade; e lançar rejeitos de mineração em recursos hídricos.
Ao todo, a mineradora já tem 12,6 bilhões de reais bloqueados em sua conta por causa da tragédia. No mesmo dia do rompimento da barragem, o juiz de plantão da Vara de Fazenda Pública de Belo Horizonte, Renan Carreira Machado, determinou o bloqueio de 1 bilhão de reais. Duas ações do Ministério Público de Minas Gerais resultaram em mais 10 bilhões de reais congeladas e, nesta quinta-feira, 31, a Justiça do Trabalho autorizou um bloqueio de 800 milhões de reais.
A Defesa Civil de Minas Gerais informou no fim da tarde desta quarta-feira, 30, que 99 pessoas foram encontradas mortas e 259 continuam desaparecidas até a última atualização. Foram identificados 57 corpos até o momento.