As Forças Armadas vão deixar a favela Vila Kennedy, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, nas próximas semanas. O local tinha sido escolhido para ser uma espécie de “laboratório” da intervenção federal no estado.
Segundo o coronel Carlos Francisco Cinelli, chefe de comunicação do Comando Militar do Leste (CML), a ideia é que as tropas saiam de forma gradativa até que a Polícia Militar restabeleça o patrulhamento. Atualmente, cerca de noventa militares estão na região — entre patrulha nas ruas e força de contingência.
De acordo com Cinelli, a medida foi tomada, principalmente, por uma questão de logística. “São 900 comunidades no Rio de Janeiro e um número limitado de militares”, afirmou Cinelli a VEJA nesta terça-feira. Segundo ele, o objetivo das Forças Armadas não é ocupar as favelas de forma definitiva, mas apoiar a Polícia Militar. “Mesmo quando não houver mais efetivo, continuaremos prestando apoio”, completou.
Os militares já faziam operações na Vila Kennedy antes da intervenção, no âmbito da Garantia da Lei e da Ordem (GLO). As principais ações eram relacionadas a roubo de carga e de carros. “Ainda não temos os dados oficiais do governo, mas as primeiras informações que temos são de que a percepção da população já melhorou”, afirmou.
O anúncio da retirada dos militares foi feito um dia depois de o governo federal anunciar que vai liberar entre 600 e 800 milhões de reais para a intervenção federal no Rio de Janeiro e outros 3 bilhões de reais para o Ministério da Segurança Pública.
Fases
As Forças Armadas atuaram por fases na Villa Kennedy. A primeira delas foi a de estabilização, quando mais mil homens trabalharam para retirar barricadas e obstáculos, para permitir o acesso da Polícia Militar. O objetivo também era evitar os confrontos entre criminosos e policiais.
Na chamada segunda fase, o número do efetivo diminuiu — os militares atuaram no patrulhamento da favela em conjunto com a Polícia Militar.