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Randolfe: “Autoridades investigam invasão a aldeia com má vontade”

Senador disse que servidores da Funai coletaram materiais que corroboram relatos de invasão, mas foram impedidos de divulgar as provas pela direção do órgão

Por Edoardo Ghirotto
Atualizado em 30 jul 2019, 18h30 - Publicado em 30 jul 2019, 18h06
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  • O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) contestou nesta terça-feira, 30, o trabalho desempenhado pela Polícia Federal (PF) para investigar a suposta invasão a uma aldeia indígena do povo waiãpi, localizada em uma região remota do Amapá. Rodrigues se reuniu com uma assembleia de indígenas da área e ouviu relatos de que os policiais não ficaram mais de 24 horas no local. Segundo os moradores, os peritos ignoraram os vestígios de presença não-indígena que teriam sido encontrados na aldeia.

    Rodrigues também denunciou que servidores da Funai do Amapá coletaram material que corrobora o relato de invasão, mas que as investigações foram todas concentradas na sede em Brasília. O senador acusa que a diretoria central da fundação tem impedido a divulgação das provas. A Funai é chefiada pelo delegado da PF Marcelo Augusto Xavier, que assumiu o órgão no último dia 19.

    Os waiãpi afirmam que a invasão à aldeia Yvytõtõ ocorreu concomitantemente à morte do cacique Emyra Waiãpi. O líder indígena foi encontrado morto na terça-feira, 23. Os relatos ouvidos por Rodrigues dão conta de que ele foi assassinado com golpes de arma branca. Ele apresentava perfurações nos olhos e teve o órgão genital decepado, segundo os waiãpi. Nenhum índio presenciou o crime.

    Emyra fazia parte da aldeia Waseity. Segundo Rodrigues, os waiãpi afirmam que há testemunhas da invasão a outra aldeia, a Yvytõtõ. Esses índios não foram ouvidos por nenhuma autoridade até o momento. Eles serão levados ao MPF na sexta-feira, 2, para prestar depoimento.

    Os relatos coletados pelos índios apontam que pelo menos quatro não-indígenas munidos com armas de fogo cercaram a aldeia na última semana. Eles expulsaram os moradores e ficaram alojados no local por um período. “Os waiãpi acreditam que podem ser garimpeiros ou traficantes de drogas. Há também a possibilidade de serem pesquisadores que estudam a liberação da reserva para o garimpo”, disse Rodrigues.

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    O senador declarou que os índios mostraram aos peritos da PF a existência de pegadas e de uma trilha aberta na mata pelos invasores. Segundo o relato dos waiãpi, os policiais alegaram que não tinham autorização para permanecer mais tempo no local e foram embora sem dar respostas aos índios. “Há má vontade das autoridades para conduzir a investigação neste caso”, afirmou Rodrigues.

    Na segunda, 29, o MPF do Amapá informou que as primeiras investigações não trouxeram nenhum indício de que a aldeia foi invadida. O procurador Rodolfo Lopes declarou que a PF não encontrou objetos, vestígios de fogueiras nem pegadas que acusariam a passagem de não-indígenas pela região.

    Lopes também disse não possuir elementos para classificar a morte do cacique como um assassinato, mas não descartou nenhuma possibilidade. “Temos uma morte que será investigada”, afirmou. Ainda não foi feita a autópsia no corpo. Os índios já autorizaram a exumação, o que deve ocorrer na próxima semana. Espera-se que o laudo necroscópico fique pronto até o dia 9. 

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    A PF concluirá um relatório sobre as investigações conduzidas pelos peritos até o final desta semana. Em nota, a PF informou que os policiais foram guiados por Aikyry, filho do cacique morto, e que “não foram encontrados invasores ou vestígios da presença de não-índios nos locais apontados pelos denunciantes”.

    “Policiais federais percorreram uma grande área, realizando vistoria em conjunto com os policiais da COE/PM/AP, que são referência no estado em rastreamento e combate em áreas de mata, e nada foi encontrado”, diz a PF. A Funai respaldou o relato divulgado pela PF e informou que o presidente da fundação lamenta profundamente a morte do cacique.

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