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Quis evitar a dor de outras famílias, diz prefeito após vídeo sobre Covid

Pronunciamento de Márcio Melo Gomes (Republicanos), de Mongaguá, viralizou nas redes sociais em razão de desabafo sobre a perda de pai e irmão para a doença

Por Camila Nascimento Atualizado em 31 mar 2021, 15h42 - Publicado em 31 mar 2021, 15h26
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  • O prefeito de Mongaguá (SP), cidade da Baixada Santista, Márcio Melo Gomes (Republicanos), fez um desabafo durante uma live nas redes sociais na terça-feira, 31, quando rebatia as críticas de comerciantes ao lockdown adotado em razão da Covid-19 e citou o fato de ter perdido o pai e o irmão, ambos comerciantes, para a doença.

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    “Não existe nada mais precioso que a vida de vocês. Mas principalmente de quem vocês amam. Eu não quero que ninguém quebre. Mas como eu queria ouvir agora do meu pai e do meu irmão — um menino de 33 anos de idade que deixou duas filhas e uma mulher –, como eu queria poder escutar isso deles quando acabar essa live”, afirmou o prefeito.

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    “A minha família foi do comércio a vida inteira. Eu sou comerciante desde os 9 anos de idade, o meu pai era comerciante, o meu irmão era comerciante. Nós já quebramos e, com a vida, nós conseguimos dar a volta por cima. E eu não vou ouvir deles isso mais, se quebrou ou não quebrou. Porque, infelizmente, para essa doença eles perderam a vida”, lamentou.

    Ele fez a live para falar sobre o momento que Mongaguá atravessa em relação à doença e para informar sobre uma nova lei aprovada, que estabelece multa às pessoas que não estiverem usando máscaras. O evento online iria acontecer no domingo, mas o irmão do prefeito morreu na madrugada daquele dia. Já o pai faleceu na terça-feira, 25.

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    A pandemia em Mongaguá tem se intensificado nos últimos meses. A cidade tem 86 óbitos, 3.335 casos de Covid-19 confirmados e quase ocupação total de UTIs. Na live, o prefeito alertou para o agravamento da situação. “Ninguém aqui está brincando. Nós estamos nos empenhando ao máximo. Ninguém fica 12 horas, 24 horas, de plantão numa UPA achando que vai perder a vida das pessoas”, disse.

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    Veja trechos da entrevista do prefeito a VEJA:

    Qual foi a repercussão da live?  Recebi muitas mensagens de pessoas se sensibilizando com o momento, mas confesso que não tenho estrutura ainda para ficar respondendo. A repercussão tem sido muito grande, não só em Mongaguá, mas em toda a região. Que ela possa servir para que as pessoas entendam que este é um momento para se cuidarem e amar o seu próximo, para que não passem o que a minha família está passando.

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    Por que o senhor decidiu citar as perdas na família? O intuito foi dizer para as pessoas tomarem cuidado que o vírus está mais perto do que você imagina. Eu aprendi com o meu pai que nada é mais importante do que a vida. Eu acho que todo mundo tem o direito de trabalhar, senão acaba passando necessidade. Mas esse é um momento de as pessoas ficarem em casa, para a gente poder sair dessa situação.

    “A repercussão tem sido muito grande, não só em Mongaguá, mas em toda a região. Que ela possa servir para que as pessoas entendam que este é um momento para se cuidarem e amar o seu próximo, para que não passem o que a minha família está passando”

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    A morte dos seus familiares mudou a percepção do senhor sobre a pandemia? Como prefeito, a gente acaba tendo uma visão administrativa e sabendo da real situação. Mas ficou mais claro para mim que, com qualquer descuido, a pessoa acaba se infectando. Por se tratar do meu pai, que tinha 64 anos, e do meu irmão, com 33, os dois com vigor físico, desestabilizou todo mundo, ficou todo mundo em choque.

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    Com a intensificação da pandemia em Mongaguá, o que a prefeitura tem feito? O comércio está fechado, os mercados funcionam de segunda a sexta. Somente serviços essenciais ficam abertos. A gente vem há um ano trabalhando de forma muita séria. Mongaguá não é a cidade com maior número casos. Tem 55 mil habitantes, mas uma força turística grande, chega a quase 300 mil pessoas na alta temporada e nos finais de semana prolongados. Fomos tomando todas as precauções, orientando e redobrando o número de médicos. No ano passado, no pior momento, a UPA tinha oito ou dez pessoas internadas. Hoje, temos 24 internadas e quatro intubadas. Nós trocávamos os tubos de oxigênio três vezes na semana, agora é a cada três horas. Medicamento não acha mais para comprar. Não tem mais o que fazer administrativamente, por isso eu peço, pelo amor de Deus, para as pessoas terem consciência nesse momento e não saírem de casa ou saírem somente quando necessário. Quando você toma uma medida mais séria, como fechar o comércio, não é para dizer que a pessoa não vai pegar mais o vírus. O intuito é não pegar todo mundo de uma vez e não ter leito, medicamento e oxigênio. A falha não é só de Mongaguá. O Brasil enfrenta um colapso na saúde. Se a pessoa me perguntar: ‘qual o plano B se faltar oxigênio?’ Não existe, porque o oxigênio eu não fabrico. Chegou o colapso mesmo. O hospital particular não tem vaga, eles estão pedindo ajuda para o SUS. Não adianta ter dinheiro, não adianta ter plano de saúde. Não tem como atender. Ninguém está querendo quebrar o comércio. Eu fiz durante um ano tudo o que podia para equilibrar a questão da saúde e a comercial.

    “Chegou o colapso mesmo. O hospital particular não tem vaga, eles estão pedindo ajuda para o SUS. Não adianta ter dinheiro, não adianta ter plano de saúde. Não tem como atender”

    Como a antecipação dos feriados afetou a cidade? Nós fomos surpreendidos na semana passada com a decisão do prefeito Bruno Covas (PSDB) e dos demais prefeitos da região metropolitana de decretar feriado por dez dias. Eles dão feriado lá, e as pessoas acham que estão de férias e vêm para a praia. Ou a gente mandava um sinal de que aqui estava tudo fechado ou virava um caos. Esse foi o recado, dizer para as pessoas que não venham aqui, que está tudo fechado. Porque eu achei um absurdo, respeitando sempre todos os prefeitos, uma atitude irresponsável, decretar dez dias de feriados em cidades metropolitanas, como é São Paulo, que é próxima a cidades turísticas.

     

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