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‘Quero justiça’, diz mãe de mulher grávida agredida por PM em SP

Priscila Sabino afirma que ficou indignada ao ver vídeo que mostra a filha, gestante há seis meses, imobilizada e levando tapas; policial é afastado

Por Luís Lima e Mariana Zylberkan
Atualizado em 5 fev 2020, 15h20 - Publicado em 5 fev 2020, 13h26

O vídeo de um policial militar pressionando com o joelho a barriga de uma mulher grávida e agredindo-a com tapas e sufocamento gerou indignação nas redes sociais, obrigou o governador João Doria (PSDB) a pedir o afastamento do policial e a apuração do caso, mas revoltou principalmente Priscila de Queiroz Sabino, a mãe da mulher agredida.

“Senti uma revolta muito grande. Imagine você no lugar da minha filha”, desabafou em entrevista a VEJA. “Subiu um negócio, que, olha, coisa boa eu não faria (se tivesse presenciado a agressão)”, acrescentou a bordadeira, enquanto esperava a filha, Isabel Sabino de Sousa, grávida de seis meses, receber alta no Hospital de Base de São José do Rio Preto, cidade do interior paulista onde ocorreu o episódio.

Segundo o relato da mãe, Isabel teria filmado uma apreensão de drogas contra um adolescente no bairro Santo Antonio, zona norte de São José do Rio Preto, o que irritou o policial Wesley Viana dos Santos, de 34 anos. Em boletim de ocorrência, ele alegou que foi xingado de “filho da p…” e “verme” durante a ocorrência e que levou um “soco no peito”, o que motivou a sua ação para imobilizar a mulher.

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Isabel, que teve o seu celular confiscado, aguarda o aval dos médicos para ser liberada – ela teve um olho machucado. Segundo Priscila, é a primeira gravidez da filha, de 23 anos, fruto de um casamento já rompido com um advogado da cidade. “Quero Justiça. Quero que ele (Wesley) pague”, afirma ela. “Se não fosse esse vídeo, que não sei nem quem gravou, ficaria impune”, afirma. 

Antes da confusão, Isabel estava cuidando de uma tia, que tem autismo, na casa da avó, mãe de Priscila. Segundo a bordadeira, Isabel não é usuária de drogas e tampouco conhecia o adolescente que foi apreendido com uma porção de maconha. Ainda de acordo com a mãe, o policial deu voz de prisão a Isabel, mas ela resistiu a acompanhá-lo. “Ela estava com muito medo, porque disse que viu muito ódio nos olhos dele. Estava com medo de ‘sumir’ se fosse conduzida por ele”, diz a mãe.

Após apelos de Isabel e de moradores que acompanhavam a situação, uma outra viatura a levou até a Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) Santo Antonio. De lá, foi encaminhada ao Hospital da Criança e Maternidade (HCM). Após exames, incluindo tomografia, foi constatado que não houve danos à saúde da criança.  

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O ouvidor de polícias de São Paulo, Benedito Mariano, afirmou a VEJA que pedirá para que seja incluído no boletim de ocorrência – registrado pela polícia como desacato a autoridade – a ocorrência de “abuso de autoridade e agressão”. “Ela e outras pessoas que presenciaram a cena avisavam o policial para não colocar o joelho na barriga porque estava grávida, e ele ignorou”, disse Mariano. “A atuação do policial fere todo o protocolo de abordagem da PM. Existem técnicas de imobilização para serem usadas nesses casos e o policial não seguiu nenhuma.”

 

Nas redes sociais, Doria disse ter recomendado na terça-feira 4 o afastamento do PM porque existe um “protocolo a ser cumprido e as imagens indicam conduta totalmente inadequada do policial”. Em nota, a Secretaria de Estado da Segurança Pública informou que o comando do 17º Batalhão da PM determinou o afastamento imediato do policial “flagrado em desvio de conduta”. A própria PM abriu um inquérito para investigar o caso. 

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