A Executiva Nacional do PSB decidiu neste sábado abandonar o governo Michel Temer. Reunido em Brasília, o partido oficializou o desembarque pouco antes de Temer fazer novo pronunciamento na TV para se defender das suspeitas de obstrução da Justiça, corrupção e organização criminosa, pelas quais é formalmente investigado no Supremo Tribunal Federal, após ter sido gravado por Joesley Batista, dono da JBS.
É forte a pressão da cúpula para que o ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho (PSB), entregue o cargo ou ao menos se licencie. Mas não houve deliberação a respeito. Ele teve apoio de dirigentes de Pernambuco e São Paulo para assumir, embora não tenha sido indicado pela comando nacional do partido.
“Entendemos que o presidente deve renunciar porque já não tem condições políticas, morais, éticas e administrativas para continuar. Que ele facilite a vida dos brasileiros para que se vire essa página”, disse Carlos Siqueira, presidente nacional da legenda. Ele afirmou que o ministro por enquanto permanece “na condição de convidado por Temer” e havia pedido prazo de 48 horas para se decidir.
O PSB participou da base governista, mas vinha rachado em disputas internas de controle partidário. As bancadas no Congresso se manifestaram contra as reformas trabalhista e da previdência. Integrantes do partido agora cobram a renúncia de Temer, a cassação no Tribunal Superior Eleitoral e chancelaram a assinatura dos pedidos de impeachment.
O deputado Julio Delgado (PSB-MG) afirma que o PSB vai trabalhar pela paralisação total dos trabalhos na Câmara até que se defina o futuro da Presidência da República. “O partido decidiu pedir a renúncia, propor o impeachment, fechar questão por novas eleições diretas [PEC do deputado Miro Teixeira, da Rede Sustentabilidade] e ter uma linha mais propositiva, inclusive pendido mais celeridade no julgamento da chapa Dilma/Temer no TSE. É a forma que a gente tem de dar uma limpada nisso tudo. O Brasil não pode esperar quinze dias para resolver esse problema”, afirmou.
Segundo Delgado, o partido não muda sua posição depois de Temer se defender novamente na TV, solicitar a suspensão do inquérito e apontar suposta adulteração no áudio gravado por Joesley Batista. “É uma declaração justa de quem tenta se defender atacando o delator que o entregou. Ele só esquece de dizer que o cara entrou na casa dele com codinome, às 22h45 da noite… O conjunto do que aconteceu e a permissividade do Temer com relação à conversa deixam claro que, independentemente de ter sido editado ou não, a parte importante estava na íntegra, houve crime de responsabilidade. Portanto o partido decidiu pelo impeachment, pela renúncia, pelas eleições diretas. O fechamento dessa questão vem de encontro à história de nossa militância, para a gente parar a Casa, obstruir tudo até que se possa definir de uma vez por todas a situação do Temer. O PSB está na oposição.”