Protesto contra uso de cobaias bloqueia rodovia Raposo Tavares
Grupo dormiu em frente ao Instituto Royal, no interior de São Paulo. Nesta manhã, foi marcada pelas redes sociais novo ato para proibir que os animais sejam usados para testes em laboratórios
Por Da Redação
19 out 2013, 11h25
(Atualizada às 13h35)
Ativistas dos direitos dos animais fecharam a rodovia Raposo Tavares, na altura do km 56, na manhã deste sábado, contra o uso de bichos em pesquisas de laboratórios. O grupo, que pretendia ir até o Instituto Royal, foi impedido pela Polícia Militar por causa da decisão judicial expedida na última sexta-feira determinando o afastamento dos manifestantes do laboratório. Na madrugada do dia 18, 80 ativistas resgataram 178 cachorros da raça Beagle que serviam de cobaias a estudos científicos. Eles alegam que a instituição maltratava os animais.
Dez viaturas e um contingente do pelotão de choque de São Roque, a 65 quilômetros de São Paulo, estão bloqueando o acesso dos ativistas. Além da chegada de mais manifestantes, há a presença de black blocs. O trânsito no quilômetro 56 da rodovia está congestionado.
O Instituto Royal, investigado pelo Ministério Público pelo uso de cães em testes para a indústria farmacêutica, registrou um Boletim de Ocorrência de furto contra os ativistas que invadiram o laboratório e recolheram os animais. A direção do Royal pretende processar os ativistas na Justiça por supostas depredações e saques. De acordo com o diretor científico do instituto, João Antônio Pegas Henriques, serão usadas imagens da invasão para identificar os líderes. “Estamos acionando nosso departamento jurídico para responsabilizar nas esferas civil e criminal os autores dessa invasão, pois houve saques e danos.”
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Segundo Henriques, além de retirar e levar os animais, os invasores arrombaram portas, depredaram instalações e furtaram computadores e documentos. Os ativistas percorreram os três andares do prédio e recolheram os animais. A ação foi comandada por um grupo que estava acampado na frente do prédio. A Polícia Militar impediu que o grupo deixasse o local, mas muitos ativistas já tinham saído do estabelecimento levando animais em seus veículos.
Beagle – O beagle é considerado uma raça padrão para pesquisas científicas. O repertório de estudos com eles é grande. “Cientistas preferem trabalhar com raças cuja resposta já é conhecida”, afirma Francisco Javier Hernandez Blazquez, vice-diretor da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP.
Outro motivo para a ampla utilização do beagle é o fato da raça ter uma genética estável, com pequena variação entre indivíduos. Essa característica permite que o pesquisador tenha mais certeza de que o resultado obtido na pesquisa decorreu da droga testada, e não de alguma alteração daquele animal específico em relação à sua raça.
Bem-estar – A regulamentação das pesquisas com animais foi feita no Brasil em 2008. Desde então, os laboratórios precisam submeter o projeto à regulamentação de um conselho de ética antes de dar início ao estudo. Especialistas avaliarão a necessidade do uso do animal, alternativas à sua utilização e formas de minimizar seu sofrimento.
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“A legislação do mundo inteiro, inclusive do Brasil, impõe que os cientistas forneçam as melhores condições possíveis aos bichos”, diz Gilson Volpato, especialista em bem-estar animal e professor do Departamento de Fisiologia do Instituto de Biociências da Unesp de Botucatu.
Para o pesquisador usar um animal em um experimento ou em uma aula prática, explica Volpato, é preciso que a cobaia permaneça em um laboratório limpo e agradável. Se o procedimento for machucar o bicho, é recomendável não fazê-lo. “Ninguém hoje quer causar sofrimento às cobaias, nem barrar avanço da ciência”, diz Volpato.
Em outubro de 2012, um vídeo mostrou cães sendo maltratados no pet shop Quatro Patas, no bairro de Engenho de Dentro, Zona Norte do Rio de Janeiro. Nas imagens, gravadas por uma testemunha dos maus tratos, o filho da dona do estabelecimento, Daniel Barroso, de 20 anos, é flagrado agredindo cães durante o banho. O rapaz dá tapas e socos nos animais – a maioria de pequeno porte e de raças dóceis. Um labrador preto, dominado pela coleira e sem reagir, é empurrado contra a parede e recebe golpes na cabeça com uma garrafa de plástico. Outro cão parece se afogar enquanto uma grande quantidade de água é jogada em seu focinho. A mãe do rapaz, Solange Barroso, na época disse que não sabia do fato, mas apareceu em um dos vídeo das agressões.
Uma mulher foi filmada ensinando seu filho pequeno a agredir um cão da raça poodle toy em um condomínio na Zona Norte de Porto Alegre (RS). O registro foi feito por um vizinho no dia 13 de maio de 2013. As imagens mostram a mulher no andar térreo lançando o cão contra a parede e estimulando o filho a dar pontapés no animal. Ela também aparece no vídeo segurando um bebê de colo enquanto bate no filhote. O animal foi resgatado e adotado pelo subsíndico do condomínio. A agressora acabou indiciada por três crimes: maus-tratos contra animais, maus-tratos contra crianças e constrangimento de menores.
A enfermeira Camila Corrêa Alves de Moura Araújo dos Santos, de 22 anos, foi flagrada por um vizinho espancando uma cadela da raça yorkshire em dezembro de 2012, em sua casa em Goiás. O cachorro morreu. Na gravação, Camila aparece arremessando o animal e batendo diversas vezes nele com um balde diante da filha de 1 ano e meio. O vídeo causou uma onda de protestos nas redes sociais e teve quase 1,5 milhão de acessos. Em seu depoimento, a enfermeira afirmou que não estava nervosa quando praticou a agressão. Ela disse à polícia que bateu na cadela porque chegou em casa e encontrou sujeira de fezes e urina do animal.
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