A Procuradoria da República solicitou nesta quinta-feira que a Polícia Federal forneça informações sobre a Operação Satiagraha, que resultou na prisão do banqueiro Daniel Dantas, do ex-prefeito de São Paulo Celso Pitta e do megainvestidor Naji Nahas. A medida foi uma resposta à denúncia feita pelo ex-chefe da operação, delegado da PF Protógenes Queiroz, de que houve uma “tentativa de obstrução à investigação”.
A Procuradoria da República quer dados sobre a logística que a PF disponibilizou para que a operação fosse desencadeada. A corporação terá que responder a dez perguntas sobre dados do início da investigação.
A denúncia foi feita em ofício entregue ao Ministério Público, na sexta-feira da semana passada. Além da “obstrução à investigação”, Protógenes, que foi afastado da operação após quatro anos de apuração, citou pressões exercidas pelo diretor de Combate a Crimes Financeiros da direção geral da PF, Paulo de Tarso Teixeira, e pelo superintendente da PF em São Paulo, Leandro Coimbra.
Além da pressão, o delegado disse no ofício que sofreu “perseguição” em quadras de Brasília desde janeiro deste ano. Ele apontou também falta de apoio da administração para avançar na investigação sobre o Grupo Opportunity, do banqueiro Daniel Dantas. Segundo Protógenes, a promessa do envio de 50 agentes da PF para analisar o material coletado não foi cumprida. O envio só foi confirmado depois de sua saída.
O delegado diz ainda que, na noite anterior às prisões, no último dia 8, ele foi chamado para uma reunião com Teixeira e Coimbra, que pediram os nomes das pessoas que seriam presas. Protógenes teria se recusado a entregar a lista, justificando que poderia haver vazamento de informações.
Segundo o documento, houve bate-boca após a recusa. O delegado afirmou que esse tipo de pedido não é um procedimento de rotina. Uma semana depois do encontro, foi realizada a reunião que destituiu Protógenes do comando das investigações.