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Prisões não encerram investigações sobre morte de Marielle, diz delegado

Giniton Lages, da Delegacia de Homicídios do Rio, falou pela primeira vez sobre detalhes do inquérito

Por Leonardo Lellis Atualizado em 13 mar 2019, 08h12 - Publicado em 12 mar 2019, 12h44
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  • A prisão de dois suspeitos de matar a vereadora Marielle Franco (PSOL) e seu motorista Anderson Gomes não encerram as investigações sobre o crime. Em entrevista coletiva nesta terça-feira, o delegado Giniton Lages, da Delegacia de Homicídios do Rio, falou pela primeira vez sobre detalhes do inquérito que levou à detenção do policial Ronnie Lessa e o ex-PM Élcio Queiroz.

    Segundo o delegado, esta é a conclusão da primeira etapa do inquérito, e outras hipóteses serão investigadas em um segundo momento. Entre as linhas de apuração ainda em curso, está a que tenta descobrir a origem do carro usado no crime. O policial não forneceu mais detalhes sobre novas fases e se limitou a repetir uma informação que já era conhecida: trata-se de um carro clonado, cuja identificação da placa está sob sigilo.

    Imagens de câmeras de segurança espalhadas pelo Rio de Janeiro permitiram refazer o trajeto do veículo desde as 17h24, quando ele começou a ser monitorado na Barra da Tijuca, explicou o delegado. O crime ocorreu por volta das 21h10 do dia 14 de março de 2018.

    Lages destacou que os suspeitos não deixaram o carro em nenhum instante que permitisse que eles fossem identificados no dia do crime — só para aguardar a saída de Marielle do evento onde estava, na Lapa, a dupla aguardou dentro do carro por cerca de duas horas. “Eles não erraram”, afirmou o delegado em relação à ação. “O sonho de todo investigador é que os suspeitos saiam do carro para comprar uma água, façam uma ligação. Não fizeram nada disso.”

    O delegado também descartou a hipótese de que câmeras de monitoramento próximo à cena do crime tenham sido desligadas de propósito. “Mesmo se todas as câmeras estivessem funcionando, não seria possível solucionar o caso”, afirmou Giniton.

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    Pesquisas

    Diante da dificuldade de identificação dos autores pelas informações disponíveis no dia do crime, o delegado explicou que o planejamento da ação deixou vestígios que permitiram à polícia chegar a Lessa e Queiroz. Entre as evidências colhidas estão pesquisas sobre o endereço onde Marielle vivia e o armamento usado na ação.

    Giniton também afirmou que o autor dos disparos tinha “obsessão” por personalidades que militam à esquerda e que seu perfil demonstrou que sua única forma de resolver qualquer diferença ideológica seria com violência. O delegado, entretanto, evitou ligar qualquer motivação ao crime de ódio.

    ‘Delação’

    Na abertura da entrevista coletiva, o governador Wilson Witzel (PSC) afirmou que os suspeitos poderão fazer delação premiada que leve ao eventual mandante do crime. “Esses que foram presos hoje certamente poderão pensar em uma delação premiada e isso faz parte da investigação. Foi um avanço surpreendente da Lava Jato, utilizando essas técnicas de investigação”, disse o governador.

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    Ronnie Lessa e Élcio Vieira de Queiroz são suspeitos, respectivamente, de atirar e conduzir o veículo usado no crime. Eles foram denunciados pelos homicídios qualificados de Marielle e Anderson Gomes e tentativa de homicídio de Fernanda Chaves, assessora da vereadora que sobreviveu.

    O MP-RJ considera que o crime foi planejado de forma “meticulosa” nos três meses que antecederam as execuções. Além dos mandados de prisão, a chamada Operação Lume cumpre mandados de busca e apreensão em endereços dos dois acusados, para apreender documentos, telefones celulares, computadores, armas e acessórios. Ronnie Lessa é policial militar reformado e Elcio foi policial militar, tendo sido expulso da corporação.

    Outro lado

    Os advogados de Ronnie Lessa e Élcio Vieira de Queiroz negaram o envolvimento de seus clientes no caso. Logo após a prisão, Lessa e Queiroz receberam a visita dos defensores, na Delegacia de Homicídios, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio. “O Élcio não estava nem nesse dia. Eu tenho certeza de que não tem foto dele no carro e muito menos gravação dele nesse dia lá. E tenho certeza de que a vítima que sobreviveu não vai reconhecer o meu cliente”, disse Luís Carlos Azenha, advogado do ex-policial militar.

    O advogado de Lessa, Fernando Santana, disse que só conversou com seu cliente rapidamente depois da prisão e que ele nega a participação no crime. “Ele nega de forma veemente que tenha feito qualquer tipo de assassinato. Ainda vou ter acesso ao inquérito, não tive oportunidade de ter. Primeiro estava em segredo de Justiça, agora que nos peticionamos, eu e minha equipe, para poder ter ideia de como chegou à prisão do Ronnie Lessa”.

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