O deputado federal Rodrigo Bethlem (PMDB) disse a aliados que pretende anunciar nesta quarta-feira a desistência de sua candidatura à reeleição. Caciques do partido passaram a pressioná-lo para que abandonasse a disputa eleitoral. Na última sexta-feira, o site de VEJA revelou que Bethlem operava um esquema de corrupção na prefeitura – ele deixou o secretariado para tentar a reeleição na Câmara. O objetivo da cúpula peemedebista é conter os estragos causados pelas ações de Bethlem à campanha do governador Luiz Fernando Pezão (PMDB) e à imagem do prefeito Eduardo Paes (PMDB).
Leia também:
Homem forte de Paes opera esquema de corrupção no Rio
Prefeitura do Rio bancou anúncio em revista da família Bethlem
PPS pede à Câmara que investigue homem forte de Paes
Bethlem era considerado homem forte de Paes na prefeitura e tinha influência também no governo do Rio. Áudios e vídeos mostram o deputado, que já chefiou as secretarias de Ordem Pública, Assistência Social e Governo do Rio, em conversas com a ex-mulher, Vanessa Felippe, afirmando que recebe mensalmente propina da ONG Tesloo, contratada para administrar o cadastro único de programas sociais da prefeitura – usado para pagamento de programas como o Bolsa Família e o Cartão Família Carioca. “Eu tenho de receita em torno de 100.000 reais por mês”, afirma o peemedebista na gravação, explicando que, do contrato, retirava entre 65.000 e 70.000 reais por mês. A prefeitura instaurou uma auditoria especial para apurar irregularidades nos contratos firmados por ele. Bethlem também dizia receber outra mesada, desta vez relacionada a um contrato de fornecimento de lanches às ONGs que prestam serviço na área social do município. O site de VEJA também mostrou que a Prefeitura do Rio aportou dinheiro, em troca de anúncios, em uma revista inexpressiva da família de Bethlem. A coluna Radar mostrou que o Executivo estadual fez a mesma gentileza na publicação.
O secretário-geral do PMDB no Rio, Carlos Alberto Muniz, afirmou ao site de VEJA que Bethlem vai divulgar um comunicado ainda nesta quarta-feira em que anuncia a desistência. “Ele me falou que vai divulgar uma nota. Não estamos discutindo uma condenação. Rodrigo vai esclarecer as coisas. Não é oportuno fazer isso dentro de uma campanha eleitoral”, afirmou Muniz.
Nesta eleição, Bethlem tentava o terceiro mandato como deputado federal. Na legislatura de 2007 a 2010, chegou a assumir por menos de um mês como suplente na Câmara dos Deputados, mas permaneceu a maior parte do período licenciado como subsecretário do Governo do Rio e como secretário da Prefeitura do Rio. Entre 2011 e 2014 também ficou licenciado, com brevíssimas passagens pela Câmara, até abril, quando reassumiu a vaga no Congresso para tentar a reeleição. Depois da revelação das irregularidades, a passagem de Bethlem pela Câmara está ameaçada. A Corregedoria vai analisar se as revelações de propina e negócios suspeitos do ex-secretário podem motivar a abertura de um processo de cassação de mandato por quebra de decoro.