Entra ano, sai ano, e a Praça da Bandeira continua impávida como um símbolo de todos os problemas que o Rio de Janeiro já deveria ter resolvido para evitar ou reduzir os transtornos provocados pelas chuvas fortes de verão. É sempre ali o primeiro lugar a alagar. E como a praça fica num entroncamento de trânsito importante – faz a ligação entre o Centro e a zona Norte do Rio e dá acesso ao Túnel Rebouças, que leva à zona Sul, a inundação tem reflexos no trânsito de toda a cidade. Até o final da manhã desta terça-feira, a praça ainda estava coberta de lama, com muitos carros enguiçados. Os garis fazem trabalho de rescaldo, e a previsão para o término da retirada de todo o entulho é o final da tarde.
Antonio Rogério dos Santos Pereira, 39 anos, proprietário da oficina Rogério Autocenter, estava com nove carros de clientes, sendo dois no elevador hidráulico. Sete ficaram inundados. “Estou trabalhando só para pagar prejuízo de enchente. Ainda não paguei os seis que estavam na oficina na chuva do ano passado. Perdi também computador, equipamentos de solda, TV, geladeira. Só salvei o telefone, que está dando a maior dor de cabeça porque os clientes não param de ligar”, disse.
A solução definitiva para o problema é a melhoria das condições de escoamento da bacia do Mangue, formada pelos rios Trapicheiro, Joana e Maracanã. A obra, orçada em quase 300 milhões de reais, está prevista no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), mas o contrato ainda não foi assinado. Na manhã desta terça-feira, o prefeito Eduardo Paes disse que espera começar a obra ainda este ano, mas alertou para o fato de que esta é uma intervenção estrutural e demorada. “São necessários cerca de três anos. Mas é uma solução definitiva. Até lá, temos que tentar reduzir os transtornos com limpeza e dragagem dos rios e monitoramento da região”, disse Paes.
O governador Sérgio Cabral referiu-se à Praça da Bandeira como “um estorvo”. “Eu mesmo já fiquei boiando no Rio Maracanã em chuvas do passado, então certamente essa é uma obra vital”, disse. “Se o prefeito Eduardo Paes conseguir licitar a obra este ano, será possível resolver o problema antes da Copa das Confederações (em 2013).
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