Policiais acusados de matar juíza no Rio respondem por mais um assassinato
Sete dos 11 acusados foram denunciados pelo MP por matar um jovem em São Gonçalo. Para os promotores, eles tentavam garantir impunidade e cometeram ainda fraude processual
Sete dos 11 policiais acusados de participar do assassinato da juíza Patrícia Acioli foram denunciados pelo Ministério Público por outro homicídio, na terça-feira. O grupo – entre eles o tenente-coronel Claudio Luiz Silva de Oliveira, que comandava o 7º BPM (São Gonçalo) – deve responder também pela morte de Anderson Matheus da Silva, assassinado em 29 de julho do ano passado, em São Gonçalo. Ainda na terça-feira, a denúncia foi aceita pelo juiz Juiz Fabio Uchoa, da 4ª Vara Criminal de São Gonçalo, e as prisões preventivas dos setes foram decretadas.
Para os promotores do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO) do MP, o homicídio de Anderson “foi praticado para assegurar a impunidade dos denunciados e também dos demais policiais militares integrantes do Grupamento de Ações Táticas (GAT) do 7º Batalhão de Polícia Militar (BPM), sob o comando do denunciado Daniel Benitez”. Com a morte de Anderson, os PMS, dificultariam a investigação da morte de Diego da Conceição Beliene, ocorrida em 3 de junho de 2011. Os PMS eram suspeitos da execução também de Diego.
A denúncia foi decidida a partir do trabalho da Delegacia de Homicídios de Niterói e São Gonçalo (DHNSG). A investigação indica que, no dia 29 de julho de 2011, por volta das 23h, na Estrada das Palmeiras, no bairro Salgueiro, “os policiais militares Daniel Benitez, Jovanis Falcão, Jeferson de Araújo, Charles Tavares, Sérgio Junior, Alex Ribeiro e Junior Medeiros mataram a tiros Anderson Matheus da Silva”. “A vítima Anderson era conhecida de uma mulher que teria presenciado as circunstâncias do assassinato de Diego Beliene e prestado declarações na delegacia, sendo que a ação dos denunciados teve o objetivo de “mandar um recado” e calar a mulher que presenciou o homicídio, além de outras eventuais testemunhas da comunidade do Salgueiro que se dispusessem a depor contra a guarnição do GAT comandada por Daniel Benitez”, diz um trecho da denúncia.
Fraude – Os sete policiais militares também foram denunciados por fraude processual. Segundo o Gaeco, os acusados desfizeram o local do crime e determinaram a remoção da vítima sem realização de perícia no local. “Com o fim de simular um confronto armado com Anderson, na delegacia, os PMs apresentaram, fraudulentamente, por ocasião da lavratura do auto de resistência, uma pistola Taurus calibre 380, diversas munições, um carregador municiado, um tablete e 81 sacolés de maconha como se fossem de propriedade de Anderson”, diz uma nota divulgada nesta terça-feira pelo Ministério Público do Estado do Rio.
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