A Polícia Militar do Rio ocupou, na madrugada desta quinta-feira, as favelas Vila Kennedy e Metral, em Bangu, na Zona Oeste, locais que futuramente serão atendidos pela 38ª Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) do Estado – a 37ª da capital. As duas favelas atravessam, há cerca de dois anos, uma intensa guerra entre traficantes de facções rivais. A ocupação ocorreu em 20 minutos, sem que houvesse resistência por parte dos criminosos. Às 11h15 foi hasteada na Vila Kennedy a bandeira do Estado do Rio, uma cerimônia que se repete em todas as ocupações desse tipo e que simbolizam o que o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, chama de “retomada do território”.
A ocupação conta com 270 PMs do Batalhão de Operações Especiais (Bope), do Batalhão de Choque, Batalhão de Ações com Cães (BAC), 14º Batalhão (Bangu), Batalhão de Policiamento em Vias Especiais (BPVE), Grupamento Aeromóvel (GAM) e Corregedoria Interna da Polícia Militar.
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De acordo com levantamento da Prefeitura do Rio, com base no Censo de 2010 do IBGE, a Vila Kennedy e Favela da Metral têm cerca de 34.000 moradores, que ocupam 10.000 domicílios. As comunidades são cortadas pela Avenida Brasil, uma das principais vias expressas da cidade. Já Bangu é um dos bairros mais populosos do Rio: tem cerca de 430.000 habitantes.
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Devido à movimentação de policiais no local, dezenove escolas e creches das redes municipal e estadual que funcionam na região tiveram as aulas suspensas nesta quinta-feira. Cerca de 9.000 estudantes ficaram sem aula. A UPP deverá ser inaugurada na semana que vem e terá efetivo de 250 policiais. A promessa do governo do estado é implantar 40 UPPs até o fim deste ano.
Beltrame – No momento em que a bandeira do Estado era hasteada na Vila Kennedy, o secretário Beltrame dava uma coletiva na sede da Secretaria de Segurança. Beltrame negou que o programa de UPPs atravesse problemas. “Nosso programa é ousado. Entramos em verdadeiras megalópoles do crime. Não temos problemas em 38 UPPs. Temos problemas em uma, talvez duas, que são as maiores (Alemão e Rocinha). São as áreas mais populosas, onde é mais fácil fazer ataques e tentar fragilizar o processo’, disse.
Como de costume, Beltrame também criticou a falta de ação de outras áreas do Estado nesses locais. “Rocinha e Alemão são áreas imensas, em total desordem urbana. É muito mais fácil atacar a polícia num beco do que num lugar com visibilidade e acessibilidade. O que nós entendemos, o que tem que ser feito é investigação e prisão. Este é, na minha opinião”, disse.
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(Com Estadão Conteúdo)