O chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro, delegado Rivaldo Barbosa, defendeu, nesta quinta-feira, a capacidade do órgão que comanda para investigar sozinho o caso do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL). Ele foi questionado sobre o fato de o presidente Michel Temer (MDB) e o ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, terem oferecido ajuda da Polícia Federal para apurar o caso.
“Nós temos nossos protocolos estabelecidos. Quem quiser nos ajudar, receberemos a ajuda, de qualquer instituição. Entretanto, quero dizer que a Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro tem capacidade para resolver esse caso”, disse.
A declaração foi dada depois de uma audiência com o deputado estadual Marcelo Freixo, presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), e com os delegados Fábio Cardoso e Gineton Lages. Cardoso assumiu a direção das delegacias de homicídio na nova gestão da polícia.
O delegado Rivaldo Barbosa definiu o caso do assassinato da vereadora como “extremamente grave”. “Atenta contra a dignidade da pessoa humana e atenta contra a democracia”, completou.
Na noite desta quarta-feira, após deixar um evento sobre a morte de mulheres negras, Marielle Franco foi morta com quatro tiros disparados a partir de um carro pareado ao seu, sem que nada tenha sido levado do local. Hoje, a polícia só trabalha com uma tese de investigação: execução. Junto com ela, morreu também seu motorista, Anderson Pedro Gomes, de 39 anos.
‘Morte inaceitável’
Marcelo Freixo disse que a morte de Marielle, que defendia o direito de minorias, “não é aceitável em lugar nenhum do mundo”. “O caso da Marielle é de um atentado à democracia. É bom deixar claro isso. Não significa que a vida da Marielle valesse mais do que a vida de qualquer pessoa, não é nada disso. Quem matou a Marielle matou a possibilidade de uma mulher negra, que nasceu na favela da Maré, que era feminista, de estar na política. E isso não é aceitável em lugar nenhum do mundo”, sustentou.
Freixo também criticou quem diz que os defensores dos direitos humanos defendem bandidos ou atacam a polícia. “É importante que se diga isso: o trabalho da Comissão de Direitos Humanos não é um trabalho contra a polícia”, afirmou. “Denunciar policiais que cometem crimes não é um trabalho contra a polícia.”
Freixo voltou a afirmar que Marielle Franco não vinha sofrendo ameaças. Ele disse ainda que as denúncias que ela vinha fazendo sobre abusos de policiais militares não tinha nenhum nome específico. E repetiu: “A gente não pode achar que polícia se mistura com o crime, e nem que direitos humanos defende bandido. Ninguém ganha com isso”.