Em meio a uma crise provocada por erros de policiais com má formação, a PM do Rio de Janeiro se prepara para substituir na próxima sexta-feira as Forças Armadas em mais quatro favelas do Complexo da Maré, Zona Norte da cidade. A troca no policiamento é outra etapa da instalação de uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP). Até o dia 30 de junho, o Exército diz que vai retirar todos os seus homens da Maré.
Os PMs vão assumir o policiamento nas favelas Parque União, Nova Holanda, Parque Maré e Parque Rubens Vaz, controladas pela facção criminosa Comando Vermelho (CV). De acordo com o Censo de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 50.578 pessoas moram nas quatro favelas, que concentram 39% dos 129.770 moradores do Complexo da Maré.
Atualmente, cerca de 3.000 homens das Forças Armadas trabalham na região. A partir de sexta-feira, 330 deles voltarão aos quartéis. No início do mês de abril, outras duas favelas que integram o complexo, Roquete Pinto e Praia de Ramos – dominadas por milícias -, foram ocupadas pelo Batalhão de Choque da Polícia Militar.
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A área que será transferida dos militares para a PM é um reduto do CV na Maré. Na Nova Holanda, relatos de tiroteios são frequentes e traficantes agem de modo menos ostensivo, escondidos em becos. Em nota, a Força de Pacificação informou que o objetivo é “realizar uma atuação conjunta com os órgãos de segurança e de ordem pública para desarticular facções e permitir que entidades governamentais possam realizar ações para a melhoria das condições de vida.”
Ao longo desta semana, reuniões entre a PM e o comando da Força de Pacificação vão detalhar a ocupação. “O plano para a ocupação está sendo definido”, informou a PM em nota, sem especificar quantos agentes entrarão nas comunidades nesta sexta.
Segundo a PM, desde novembro de 2014, 220 policiais da Coordenadoria de Polícia Pacificadora atuam com o Exército no complexo. A Secretaria Estadual de Segurança não confirma quantas UPPs serão instaladas na área. Em 2013, o secretário de Segurança do Rio, José Mariano Beltrame, anunciou que seriam quatro unidades.
Para Edson Diniz, um dos diretores da organização Redes de Desenvolvimento da Maré, a transição terá de levar em conta o fato de que três das quatro favelas (Parque União, Nova Holanda e Parque Maré) estão entre as mais populosas do complexo – Parque União lidera com 19.662 moradores. “São comunidades muito maiores, com uma vida cultural noturna bem mais intensa. Isso é fator de preocupação para as pessoas”, disse Diniz.
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(Com Estadão Conteúdo)