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Perto da Oktoberfest, polícia apura cartazes racistas em Blumenau

Com referências à Ku Klux Klan, grupo supremacista dos EUA, pôsteres trazem ameaça a negros, comunistas e ‘macumbeiros’; secretário pede rigor na apuração

Por Da Redação
28 set 2017, 19h27
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  • A Polícia Civil de Blumenau abriu investigação para apurar quem espalhou cartazes em postes da cidade contendo ameaça a negros, comunistas, “macumbeiros” e antifacistas, usando uma imagem que faz referência ao grupo racista americano Ku Klux Klan (KKK), defensor da supremacia branca. O fato ocorre pouco antes do início da Oktoberfest, festividade ligada à cultura alemã que costuma atrair milhares de turistas e que terá início em 4 de outubro.

    Um dos cartazes foi pendurado em frente à casa do advogado Marco Antônio André, que é militante do movimento negro. “Negro, comunista, antifa, macumbeiro. Estamos de olho em você”, diz o texto do pôster – a palavra “antifa” é usada para identificar militantes antifascistas, enquanto macumbeiro é um termo pejorativo para pessoas praticantes de religiões de matrizes africanas. O pôster também traz a imagem de um supremacista branco encapuzado e o emblema da KKK – uma cruz branca, com uma gota de sangue ao centro, sobre um círculo vermelho. 

    Em seu perfil no Facebook, André disse que continuará lutando por uma sociedade mais justa e igualitária. “Quando me coloco a favor dos menos favorecidos e luto pelos direitos e igualdade de todos, não quero excluir, quero agregar. Se minha luta contra o fascismo é incômoda para alguns, o problema não está em mim.”

    André registrou um boletim de ocorrência contra a manifestação de ódio. A Polícia Civil disse que está colhendo imagens das câmeras de segurança das ruas para tentar identificar o autor. Testemunhas também serão ouvidas pelos agentes. O delegado responsável pelo caso ainda não decidiu quais crimes poderão ser imputados à pessoa que espalhou os cartazes.

    A investigação foi aberta após a subseção da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) de Santa Catarina emitir uma nota de repúdio e alertar que a falta de ação poderá inflar grupos intolerantes. “Não há como ignorá-los ou fingir que são fatos isolados e passageiros. Pelo contrário: em momentos como esse, o silêncio pode ser visto como descaso ou, pior, como consentimento.”

    A nota, assinada pela diretoria da OAB, classificou os pôsteres de bárbaros e covardes. “[Um ato] praticado às escondidas por indivíduos que não ousam mostrar a cara, por certo cientes do caráter abominável do que fazem”. A entidade afirmou que a manifestação “de forma alguma reflete o espírito da maioria da população”.

    ‘Lamentável’

    O secretário estadual da Segurança Pública, César Augusto Grubba, determinou rigor na apuração e na identificação dos responsáveis pelos cartazes. Na quarta-feira, ele recebeu representantes do movimento negro em Santa Catarina para tratar do assunto. O coordenador do Movimento de Consciência Negra de Blumenau Cisne Negro, Lenilson Silva, entregou um ofício pedindo rápida investigação e identificação dos autores do crime. “Essa situação exige das autoridades uma resposta à altura, pois coloca em risco a integridade física, emocional e moral dos cidadãos negros de Blumenau”, disse.

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    O secretário também determinou que a equipe de videomonitoramento da secretaria faça uma busca minuciosa nas imagens captadas pelas câmeras instaladas nos locais onde os cartazes foram colados. “É lamentável que isso ocorra em Santa Catarina em pleno século 21. Vamos investigar até chegar aos autores desta insanidade”, disse Grubba.

    Blumenau, cidade de 350 mil habitantes no Vale do Itajaí, a 130 km de Florianópolis, foi fundada e colonizada por alemães – o nome é uma homenagem ao alemão Hermann Bruno Otto Blumenau, considerado o fundador do município. Nas últimas eleições alemãs, no domingo (24), a grande surpresa foi o crescimento da extrema-direita xenófoba, representada pelo partido Alternativa para a Alemanha (AfD), que obteve 12,6% dos votos e se tornou a terceira força política do país. O desempenho levou os nacionalistas de volta ao Parlamento pela primeira vez após o fim da Segunda Guerra e o banimento do nazismo.

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