No ano passado, em que assumiu o governo de Goiás, o governador Marconi Perillo (PSDB) dobrou seu patrimônio com a compra de imóveis e cotas de participação numa empresa. Suspeito de negociar uma mansão diretamente com o contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, segundo investigações da Polícia Federal, e por valor maior que o declarado, o tucano omitiu as transações realizadas em 2011 em depoimento à CPI do Cachoeira.
Segundo dados das declarações de Imposto de Renda (IR) de Perillo remetidas à comissão, o governador tinha em 31 de dezembro de 2010 1.548.227 de reais em bens e direitos, valor que saltou para 3.182.549 de reais em 31 de dezembro de 2011, após a venda da casa, no Condomínio Alphaville. Nota técnica enviada pela Receita à CPI pondera que não há indícios, pelas declarações, de variação “patrimonial a descoberto”, o que será aprofundado nas apurações solicitadas pelo Ministério Público Federal (MPF) e da comissão parlamentar.
Concluída a operação de venda investigada pela PF, o governador obteve 800 mil reais em ações da empresa SCP Boa Esperança. Também comprou um apartamento de 1,16 milhão de reais para a filha, Isabella Jaime Perillo, no bairro Cerqueira César, área nobre de São Paulo. O governador usou um recurso comum para ocultar negócios: registrou o imóvel num cartório de Trindade, nos arredores de Goiânia, em vez de fazê-lo na capital do Estado, onde mora, ou na cidade onde ocorreu a compra.
Em 2011, Perillo aumentou as dívidas em 839,7 mil reais. O grosso do valor (580 mil) refere-se a pendência com o proprietário do apartamento comprado na capital paulista, André Luiz de Oliveira. Ontem, o Estado não conseguiu contatá-lo.
As escutas da Operação Monte Carlo indicam que Perillo recebeu, em vez de 1,4 milhão de reais, como foi declarado à Receita, 2,2 milhões pela venda da casa a Cachoeira. Além dos cheques emitidos por uma cunhada de Cachoeira, ele teria recebido 500 mil em bois. Perillo nega. Em 2011, o governador declarou um rebanho de 1.488 cabeças. Segundo a Receita, ele vendeu 377.
Os dados da Receita mostram que o patrimônio do governador praticamente quintuplicou desde 2001, saltando de 684 mil reais para 3,1 milhões de reais. Em nota, o governador afirmou que sua evolução patrimonial é compatível com os rendimentos. O tucano negou que tenha omitido informações à CPI. “Ele afirmou que seu patrimônio está declarado à Receita Federal”, diz a nota do governo. Embora tenha adquirido vários bens no último ano, Perillo disse que não quitou os débitos porque não tinha como pagá-los. “É um assunto pessoal, que não diz respeito a suas atividades como governador”, alegou o tucano, por meio da assessoria de imprensa do governo de Goiás.
Perillo também se negou a informar as atividades da empresa SCP Boa Esperança e quem são seus sócios alegando questões pessoais.
(Com Agência Estado)
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